Gravação indica ameaça de Cristiane Brasil a servidores ao pedir votos
Em gravação, a deputada federal e ministra nomeada do Trabalho, Cristiane Brasil (PTB), aparece constrangendo funcionários a buscarem votos para ela nas. O áudio foi divulgado neste domingo (4) pela TV Globo.
O áudio teria sido gravado durante uma reunião convocada por Cristiane em 2014, da qual participaram cerca de 50 servidores públicos e prestadores de serviço da Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e da Qualidade de Vida na Prefeitura do Rio de Janeiro, que era comandada por ela.
Na época, a filha de Roberto Jefferson estava licenciada da Câmara dos Vereadores do Rio para assumir a pasta, mas buscava se eleger como deputada federal pelo PTB.
"Se eu perder a eleição de deputada federal (...), no dia seguinte eu perco a Secretaria. No outro dia, vocês perdem o emprego. Só tem importância na política quem tem mandato. Só tem mandato quem tem voto. Só tem voto quem tem pessoas como vocês que estão na ponta ajudando a gente a pedir e propagar o voto", afirma a deputada, que orienta os funcionários como podem convencerem familiares e amigos a votarem nela.
"Se cada um, no âmbito familiar, me trouxer 30 fidelizados... 'Pô, tu é minha mãe. Se tu não voltar nela, eu perco o emprego. Olha que poder de convencimento essa frase tem!", disse. "Pro marido: 'Meu querido, vai querer pagar minhas calcinhas? Então me ajude!", continuou.
Com pouco mais de 80 mil votos, Cristiane foi eleita e encerra em 2018 seu primeiro mandato como deputada federal. Antes, foi três vezes vereadora pela cidade do Rio de Janeiro.
No áudio, o deputado estadual Marcus Vinicius (PTB), ex-cunhado da parlamentar, também aparece pressionando os funcionários por votos: "Nós temos 2.000 funcionários. Se cada um de vocês conseguir 30 votos, 50 votos, já quase atingiu o objetivo. Vai chegar a 150 mil votos". Ele conseguiu 39 mil votos e entrou para Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Marcos Vinícius diz desconhecer a gravação e, que, consequentemente, não pode se manifestar sobre o suposto material. Já a assessoria de imprensa de Cristiane afirma desconhecer as circunstâncias em que o áudio foi gravado e que a deputada "jamais infringiu qualquer norma ética ou jurídica relacionada às eleições".
Outras denúncias
No último sábado (3), reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" revelou que Cristiane é alvo de um inquérito que apura suspeitas de associação com o tráfico durante a campanha eleitoral de 2010. A investigação foi enviada na sexta-feira (2) à PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, porque Cristiane possui foro privilegiado.
A situação da deputada deve ser o principal assunto da reunião da bancada do PTB na terça-feira (6), após a volta do recesso parlamentar. Segundo um deputado, vai haver uma pressão para que o partido indique outro nome para o Ministério do Trabalho. O parlamentar diz que "não dá mais", que é "muito desgaste" para a sigla e que é preciso dar "um xeque-mate".
Nesta semana, circulou na internet um vídeo em que a deputada aparece a bordo de uma lancha com amigos, em trajes de banho, e se defende das acusações sobre as ações trabalhistas.
Cristiane é filha do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. Ela foi nomeada ministra no dia 4 de janeiro, mas, no dia 8, sua posse foi suspensa pela Justiça Federal do Rio. Uma ação popular questiona a escolha de Cristina para o Ministério do Trabalho, pois a deputada já foi condenada em um processo trabalhista.
No dia 20 de janeiro, o vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins, suspendeu a liminar, mas, no dia 22, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, decidiu suspender temporariamente a posse da deputada.
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