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Em depoimento, Padilha nega interferência em delação de Funaro e diz ver Geddel como "correto"

Foto: ABr
Imagem: Foto: ABr

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

06/02/2018 10h58Atualizada em 06/02/2018 11h11

Em depoimento por videoconferência à Justiça Federal em Brasília nesta terça-feira (6), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), negou ter interferido na negociação da delação premiada de Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador do PMDB em esquemas de corrupção, junto ao Ministério Público Federal.

O ministro também afirmou conhecer Geddel desde 1995, quando chegou a Brasília, e disse enxergá-lo como uma “pessoa correta”.

Embora estivesse na capital federal, Padilha preferiu depor por meio do Skype de seu gabinete no Palácio do Planalto. Ele prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB) – que também depõem nesta terça – no processo em que este é acusado de obstrução de Justiça.

Segundo investigações, Geddel teria tentado atrapalhar o acordo de delação premiada de Lúcio Funaro. O ex-ministro teria sondado, por telefone, a mulher de Funaro para saber em que estágio estavam as negociações do delator com o MPF e não permitir que se passasse informações importantes que pudessem comprometê-lo.

Geddel foi preso pela primeira vez em julho do ano passado e solto após 10 dias. O ex-ministro foi preso novamente em dezembro depois que a Polícia Federal descobriu malas e caixas com R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador, na Bahia, atribuído a ele.

Depois do montante encontrado, o irmão de Geddel, deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF (Supremo Tribunal Federal) por lavagem de dinheiro e organização criminosa. A PGR pediu a aplicação de medidas cautelares a Lúcio Vieira Lima como recolhimento domiciliar noturno e em dias de folga e pagamento de 400 salários mínimos. O parlamentar recorre dos pedidos. A decisão está a cargo do ministro do STF Edson Fachin.

“Indiferente” à delação de Funaro

Questionado pela defesa de Geddel se em algum momento tratou da prisão de Funaro com Geddel, Padilha respondeu que “não, absolutamente não” e acrescentou que soube da detenção por meio da imprensa. Ele também negou que Funaro tenha sido tema de conversa dele com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), ou com mais alguém no Planalto e informou ser “assunto completamente estranho” a ele saber se alguém no Planalto teria oferecido vantagens ilícitas a Funaro.

Outras perguntas foram se Padilha ouviu falar em pressão para Funaro não delatar, se sabia quando o operador falaria ao MP e como reagiu à delação. O ministro voltou a dizer que acompanhava o caso apenas pela mídia e não “tinha por que reagir” à notícia da delação. “[Fiquei] Absolutamente indiferente”, falou. Padilha ainda negou conhecer Funaro e sua mulher.

O ministro disse ter se encontrado com Geddel após este ter saído do governo por causa do escândalo da tentativa de liberação de obra de prédio em Salvador junto ao ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. No entanto, ele disse não se recordar de quantas vezes e quando se encontraram.

“Geddel era um dos dirigentes do PMDB. Estávamos cuidando do partido nacionalmente, nada mais do que isso [...] Conheço [Geddel] desde 1995 quando cheguei a Brasília. [...] Sempre tive nele uma pessoa correta, alguém que cumpria com suas obrigações”, declarou o ministro.