Conversas com Geddel após saída dele do governo foram sobre PMDB, diz Padilha

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou nesta terça-feira (6) que as conversas que manteve com Geddel Vieira Lima depois que este saiu do comando da Secretaria de Governo trataram somente sobre o PMDB, partido ao qual ambos são filiados. O vídeo do depoimento foi divulgado nesta quarta (7).

Padilha disse ter se encontrado com Geddel após este ter saído do governo por causa do escândalo da tentativa de liberação de obra junto ao ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de prédio residencial onde mantém apartamento em Salvador. No entanto, falou não se recordar de quantas vezes e quando se encontraram.

O ministro também afirmou conhecer Geddel desde 1995, quando chegou a Brasília, e disse enxergá-lo como uma “pessoa correta”.

“Geddel era um dos dirigentes do PMDB. Estávamos cuidando do partido nacionalmente, nada mais do que isso [...] Conheço [Geddel] desde 1995 quando cheguei a Brasília. [...] Sempre tive nele uma pessoa correta, alguém que cumpria com suas obrigações.”, declarou.

Embora estivesse na capital federal, Padilha preferiu prestar depoimento por videoconferência à Justiça Federal em Brasília após ser arrolado como testemunha de defesa por Geddel, preso e que também depôs nesta terça, no processo em que o ex-ministro é acusado de obstrução de Justiça.

Segundo investigações, Geddel teria tentado atrapalhar o acordo de delação premiada de Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador de propinas para políticos do PMDB, junto ao Ministério Público Federal. O ex-ministro, por exemplo, teria sondado, por telefone, a mulher de Funaro para saber em que estágio estavam as negociações do delator com o MPF e não permitir que passasse informações importantes que pudessem comprometê-lo.

Outras perguntas foram se Padilha ouviu falar em pressão para Funaro não delatar, se sabia quando o operador falaria ao MP e como reagiu à delação. O ministro voltou a dizer que acompanhava o caso apenas pela mídia e não “tinha por que reagir” à notícia da delação. “[Fiquei] Absolutamente indiferente”, falou. Padilha ainda negou conhecer Funaro e sua esposa.