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MP pede 7 anos de prisão para Geddel por suposta pressão a Funaro contra delação

Ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, em foto de janeiro de 2017 -  Alan Marques/ Folhapress
Ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, em foto de janeiro de 2017 Imagem: Alan Marques/ Folhapress

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

09/02/2018 19h03Atualizada em 09/02/2018 21h53

O MPF (Ministério Público Federal) do Distrito Federal pediu uma pena de sete anos de prisão ao ex-ministro Geddel Vieira Lima no processo em que ele é acusado de constranger o empresário Lúcio Funaro para evitar que esse firmasse um acordo de colaboração premiada. O pedido do MP foi apresentado nesta sexta-feira (9) dentro das alegações finais do caso entregues à Justiça Federal do DF. O crime apontado é de embaraço a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Neste processo, Geddel é investigado pelas supostas tentativas de atrapalhar as investigações de outro caso, que apura um esquema de cobrança de propina em troca de liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal a empresários.

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Com a entrega das alegações finais do MPF, agora será a vez da defesa de Geddel apresentar as suas. Somente depois disso é que o juiz federal Valisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, responsável pelo caso, poderá dar a sua sentença.

Para calcular a dosimetria da pena proposta, o MP aponta como agravante o fato de Geddel ser ministro de governo durante parte de sua suposta pressão sobre familiares de Funaro, sobretudo sua mulher, Raquel Pitta.

O acusado, como Ministro de Estado, praticou crime em nome da cúpula política que atuava no próprio Governo Federal, traindo a confiança do povo brasileiro e ofendendo, por consequência, os titulares do poder soberano que devem ser respeitados no sistema democrático do país
MP-DF

Ligações para mulher de Funaro

Para os procuradores que atuam no caso, Geddel tentou monitorar a família do empresário Lúcio Funaro após a prisão dele, em julho de 2016. Funaro é apontado como um dos principais operadores de propina do MDB. Ele firmou acordo de delação premiada no qual disse ter repassado pelo menos R$ 20 milhões em propina para Geddel oriunda do esquema de fraude na Caixa Econômica. 

A mulher de Funaro alegou que Geddel telefonou para ela diversas vezes com o intuito de saber se o empresário iria aderir ou não a um acordo de colaboração premiada. Em um período de 19 dias recortado pela denúncia (13 de maio a 1º de junho de 2017), foram 17 chamadas, 16 partindo de Geddel e uma de Raquel.

Nas alegações finais do MPF, os procuradores afirmam que as ligações de Geddel para a esposa de Funaro eram uma maneira de enviar um recado ao empresário de que a quadrilha que operava na Caixa Econômica Federal o observava. 

"Essa era a maneira que Geddel encontrou para repassar a Funaro a mensagem de que os integrantes da organização criminosa com atuação da Caixa Econômica Federal estavam em constante observação de sua postura perante os órgãos de investigação", afirmam os procuradores no documento.

Na peça, o MP nega que tenha havido ameaças ou oferecimento de propina do ex-ministro para Funaro ou sua mulher. Os contatos com ela, porém, seriam para pressionar indiretamente o empresário. O MP diz ainda que Raquel nunca percebeu o verdadeiro intuito das ligações, considerando-as solidariedade de Geddel, por não saber das relações ilícitas entre ele e Funaro.

Em seu último depoimento à Justiça Federal, Geddel negou que as ligações tivessem o intuito de pressionar Funaro a não firmar o acordo. Segundo ele, as ligações tinham o objetivo de manifestar sua "solidariedade" à família.

Geddel está preso desde setembro de 2017, quando a Polícia Federal descobriu um apartamento ligado ao ex-ministro em que eram guardados aproximadamente R$ 51 milhões.