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É utopia achar que a intervenção vai resolver o problema da segurança, diz Pezão

Do UOL, em São Paulo

27/02/2018 02h54Atualizada em 27/02/2018 08h04

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), afirmou que a intervenção federal no Estado deverá servir como um grande "laboratório" para eventuais ações semelhantes que venham ser desenvolvidas em outras unidades da federação.

"Acho que cada vez mais Estados e cidades vão pedir essa parceria. Não tenho a utopia de que [a intervenção] vai resolver o problema da segurança, mas tenho certeza que será bem sucedida, reduzindo os índices de criminalidade e oferecendo treinamento para os nossos policiais", disse Pezão.

Na visão do governador fluminense, para evitar que uma eventual redução nesses índices não seja pontual, é necessário que a operação se prolongue além do prazo inicialmente previsto, que é até o dia 31 de dezembro.

Veja a íntegra da entrevista com o Pezão

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"Mas isso vai depender de quem vai sentar nessa cadeira" disse, se referindo ao fato de que um novo governador será eleito e iniciará o mandato a partir de janeiro de 2019.

As declarações do governador foram feitas no programa "É Notícia", da Rede TV!, exibido na madrugada desta terça-feira (27). Esta foi a primeira entrevista longa do governador desde a decretação da intervenção.

Segundo o governador, partiu dele o pedido para a ação federal. Pezão disse estar "confortável" com a presença do interventor no Estado, o general Walter Souza Braga Netto.

Não tenho problema por isso [se referindo à perda de poder no setor de segurança]. Continuo sendo o ordenador de despesas das nossas forças de segurança

Luiz Fernando Pezão (MDB), governador do Rio de Janeiro 

O governador disse que pedia por uma ação federal no Estado havia mais de três anos. "As finanças do Rio sofreram muito com a queda no preço do petróleo e com a situação da Petrobras. Tínhamos quatro caminhos para seguir: manter a GLO [Operação de Garantia da Lei e da Ordem, atualmente em vigor no Rio de Janeiro], a GLO ampliada, essa proposta de intervenção ou não fazer nada", afirmou.

Questionado sobre eventuais erros cometidos por sua gestão, Pezão disse que eles "podem ter existido", mas avaliou que eles teriam sido decorrentes da queda de arrecadação do Estado devido à crise econômica e à queda na cotação do petróleo, o que afetou o pagamento de royalties, uma das principais fontes de financiamento estadual. "Todos os governadores estão sofrendo com a queda de arrecadação, todos têm problemas com previdência".

Eleições

Para Pezão, a segurança pública será "o grande debate das próximas eleições", e negou que as forças policiais do Rio de Janeiro tenham problemas de infiltração do crime organizado. "São casos pontuais, sem diferença para outras corporações do país", afirmou.

Com relação a medidas atualmente em tramitação no Congresso para combate à criminalidade, o governador defende tornar crime hediondo o assassinato de policiais, além de endurecer as penas para porte de fuzil. "Atualmente, quem é flagrado com esse armamento fica, no máximo, um ano na cadeia e, depois, já está na rua de novo".

O governador disse ainda que, para combater o poder do crime organizado "é preciso discutir a questão da descriminalização das drogas, observando atentamente as experiências internacionais para ver que efeito isso terá sobre essa questão".

Pezão disse ainda que não se candidatará a nenhum cargo nas eleições de outubro. "Quero terminar meu mandato, descansar um pouco e procurar emprego na iniciativa privada. Vou dedicar a minha família e à minha saúde". Desde 2016, ele faz tratamento e acompanhamento de um câncer no sistema linfático.

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