Torquato diz que morte de Marielle foi crime político e desafio à intervenção
Daniela Garcia
Do UOL, em São Paulo
27/03/2018 19h40
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse nesta terça-feira (27) que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) teve motivação política. Segundo ele, a morte da parlamentar desafiou o governo federal, e a resolução do crime será o primeiro resultado da intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro.
"Esse assassinato brutal foi um gesto político. A vereadora não sofria ameaça de ninguém. (...) Claramente o assassinato foi um recado. Eu faço uma leitura política até que seja provado o contrário", disse a jornalistas, antes de participar de palestra em São Paulo nesta tarde.
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Na avaliação do ministro, a vereadora virou alvo de disputa política por defender uma "pauta moderna". Torquato Jardim também afirmou que encontrar os autores e mandantes de crime se tornou uma questão chave para justificar a intervenção federal.
" [A morte de Marielle] foi um desafio ao governo federal, foi um desafio à intervenção federal e é natural que haja essa dúvida, essa grande interrogação sobre a eficácia da intervenção federal. O primeiro resultado objetivo, como sentimento de Justiça, sentimento de opinião pública, de efeito de política importante, será resolver o caso da vereadora", avaliou.
O ministro defendeu a medida da intervenção, mas disse não poder precisar o tempo necessário para os resultados. "O processo de intervenção federal é muito complexo. Tem que conhecer quem são os bons comandantes, os maus comandantes, os bons delegados, os maus delegados, separar o joio do trigo e dar ênfase aos que possam ser mais confiáveis. Toma tempo", disse.
O ministro disse que será necessário um processo longo de investigação com a inteligência das polícias para resolver o caso Marielle. "É preciso tempo e muita discrição. Quanto menos notícia vazar, é melhor. Eu espero que a solução venha o mais rápido possível", declarou.
Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados a tiros na noite do dia 14 de março, no Estácio, região central do Rio, quando retornavam, de carro, de um evento do qual a vereadora participou na Lapa. Uma assessora de Marielle também estava no veículo e sofreu ferimentos leves derivados dos estilhaços de bala.