Ao chegar à PF, Wagner Rossi critica Justiça: "Infelizmente o Judiciário hoje é assim"
O ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura) chegou por volta das 14h20 na Superintendência da PF (Polícia Federal) em São Paulo e criticou a Justiça. "Infelizmente o procedimento do Judiciário hoje é assim, então vamos acatar e respeitar", disse aos jornalistas, após ter feito o exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal) para poder ser levado para a carceragem.
"Essa história não tem nenhum ponto em comum comigo, mas agora é assim. A orientação do Judiciário hoje é nesse sentido, né? Antigamente você era considerado inocente até provarem o contrário, e hoje não."
Rossi foi preso na manhã desta quinta-feira (29) na Operação Skala, da PF, com outras quatro pessoas, e vai ficar preso temporariamente por cinco dias.
As prisões foram solicitadas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e concedidas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito dos portos, que investiga um suposto favorecimento do presidente Michel Temer (MDB) a empresas da aérea com a edição da MP dos Portos, em troca de propina.
"Estão me chamando para explicar algo que não é da minha alçada", disse o ex-ministro. "Eu saí da Codesp [Companhia Docas do Estado de São Paulo] 15 anos antes da edição dessa medida dos portos. Não tenho nada a ver com isso, já respondi a 74 perguntas da PF sobre isso."
O ex-ministro chegou acompanhado de policiais e sem seu advogado. Rossi, que é pai do deputado Baleia Rossi (MDB), também foi diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, estatal que administra o porto de Santos, em 1999 e 2000.
O advogado de Wagner Rossi, Rafael Chiaradia, afirmou ter recebido a notícia da prisão do ex-ministro com "muita surpresa", pois seu cliente "se aposentou há mais de sete anos" e, desde então, "não atua profissionalmente nem na vida pública nem na privada". "Ele não atua em campanhas eleitorais e nem tem relacionamentos políticos", declarou. O defensor disse ainda que Rossi não foi ouvido pela Polícia Federal tampouco convidado a depor.
"É uma situação que gerou muita surpresa. Vamos tomar todas as medidas cabíveis."
Também estão na carceragem da PF na capital paulista o advogado José Yunes, o ex-auxiliar de Rossi Milton Ortolan e o dono da Rodrimar, Antônio Celso Grecco.
O coronel Lima, amigo de Temer e apontado como operador de propinas do presidente por delatores da Operação Lava Jato (assim como Yunes), passou mal enquanto era preso pela manhã e foi internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O hospital ainda não se pronunciou a respeito do caso.
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