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Coronel Lima, amigo de Temer, é ouvido pela Polícia Federal pela 1ª vez

Coronel reformado da PM de São Paulo, João Baptista de Lima Filho - Jefferson Coppola/Folhapress
Coronel reformado da PM de São Paulo, João Baptista de Lima Filho Imagem: Jefferson Coppola/Folhapress

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo*

30/03/2018 09h52Atualizada em 30/03/2018 15h10

Após ter alta hospitalar na quinta-feira (29), João Baptista Lima Filho, coronel da reserva da PM de São Paulo e amigo do presidente Michel Temer (MDB), presta depoimento à Polícia Federal pela primeira vez nesta sexta-feira. Desde junho do ano passado, a polícia tentava ouvi-lo.

O Coronel Lima é suspeito de ser responsável pela captação de recursos irregulares para Michel Temer, por meio de suas empresas, em especial a Argeplan e vinha justificando o não comparecimento em razão de restrições de saúde. 

O depoimento estava marcado para começar às 9h na Superintendência da Polícia Federal de São Paulo, na Lapa. No entanto, segundo o advogado de Lima, Cristiano Benzotta, as perguntas serão feitas apenas no período da tarde. 

"Ele tem câncer, teve um AVC, está com 75 anos, isso tudo cria uma situação muito complicada para a saúde dele, ele não está bem", afirmou Benzotta aos jornalistas na porta da PF.

Em maio de 2017, a PF fez buscas na sede da Argeplan, em São Paulo - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo
Em maio de 2017, a PF fez buscas na sede da Argeplan, em São Paulo
Imagem: Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo

Prisão temporária

Ao autorizar a Operação Skala e mandar prender o coronel Lima, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso registrou que, para a Polícia Federal, a empresa Argeplan, de João Batista Lima --coronel aposentado amigo do presidente Michel Temer--, "tem se capitalizado" com recursos de empresas interessadas na edição do Decreto dos Portos e distribuído tais recursos para os demais investigados.

Sobre a capitalização da empresa do Coronel Lima, Barroso destaca que um relatório demonstra "crescimento exponencial" da empresa Argeplan nos últimos 20 anos, inclusive no setor nuclear, em parceria com a AF Consult do Brasil, o que se vê de um contrato no valor de R$ 160 milhões de reais com a Eletronuclear para as obras da Usina Angra 3, cuja obtenção, segundo José Antunes Sobrinho, só teria ocorrido por ser a Argeplan "ligada a Temer e precisou subcontratar a Envegix porque não tinha capacidade para o serviço".

Foram presos também o empresário e advogado José Yunes, o presidente da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, o ex-ministro de Agricultura Wagner Rossi, Milton Hortolan, auxiliar de Wagner Rossi, e uma mulher ligada ao Grupo Libra.

Segundo o procurador Hebert Mesquita, todos os outros oito presos na Operação Skala que estão na Superintendência da PF em SP já prestaram depoimento, entre eles Yunes, Grecco, Rossi e Hortolan. De acordo com Mesquita, a mulher de Lima, que não está presa, foi ouvida na manhã desta sexta.

Pela manhã passaram pela Superintendência da PF em São Paulo, advogados e parentes de alguns dos presos, que traziam sacolas com alimentos e roupas.

O presidente Michel Temer (MBD) é um dos alvos da investigação e está sob suspeita de beneficiar a empresa Rodrimar na edição do decreto voltado ao setor portuário.

Defesa nega acusações

Os advogados Cristiano Benzota e Maurício Silva Leite refutaram enfaticamente as suspeitas de envolvimento do coronel João Baptista Lima Filho no suposto esquema de favorecimento a empresas do setor portuário em troca de propinas.

"O sr. João Baptista Lima Filho refuta com veemência as acusações e afirma não ter qualquer participação nos fatos apurados no inquérito." A defesa afirma que "o estado de saúde do sr. Lima é muito delicado e que o seu quadro médico tem sido periodicamente informado às autoridades".

* Com Estadão Conteúdo