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Acima de todos estão as instituições, diz Temer em posse de novos ministros

O presidente Michel Temer dá posse aos novos ministros no Palácio do Planalto - Jorge William/Agência O Globo
O presidente Michel Temer dá posse aos novos ministros no Palácio do Planalto Imagem: Jorge William/Agência O Globo

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

02/04/2018 11h35Atualizada em 02/04/2018 17h40

Investigado em inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) juntamente com amigos próximos --que ficaram presos por três dias para prestar depoimentos à Polícia Federal--, o presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira (2) que respeita a Constituição e as instituições brasileiras.

Segundo o emedebista, que integrou a assembleia constituinte de 1988, a mensagem da Carta Magna foi: "conduza-se pelos termos dessa Constituição, não saia dela porque sair dela é desviar-se dos propósitos democráticos do chamado Estado Democrático de Direito".

"[Na Constituição] nós quisemos enfatizar o tema das liberdades individuais, do devido processo legal, da obediência estritíssima aos termos da Constituição e da lei. E por isso nós colocamos lá: o Brasil é um Estado democrático de direito", declarou, durante a cerimônia de posse de dois novos ministros e do novo presidente da Caixa Econômica Federal no Palácio do Planalto.

"Acima de todos nós está o país. Acima de todos nós estão as instituições. Por isso que eu preservo sempre as instituições. Eu preservo a imprensa livre, prego a todo momento a separação dos Poderes, a independência e a harmonia entre os poderes. Porque nós todos passaremos, mas as instituições hão de ficar", acrescentou o presidente.

O presidente ainda pediu diálogo para solucionar aquilo que chamou de problemas. "Sabemos todos que o Brasil tem pressa e que os problemas diante de nós exigem união e diálogo. Nós continuaremos a dedicar toda a nossa energia para construir um país melhor para todos, e um país em que todos colaborem sem nenhuma, digamos assim, tendência ao apartamento, à separação", disse Temer.

Reforma ministerial

O presidente iniciou oficialmente nesta segunda-feira (2) a reforma ministerial. O Ministério da Saúde passará a ser comandado por Gilberto Occhi, que deixa a presidência da Caixa. Agora, o banco será chefiado por Nelson Antônio de Souza.

O Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil ficará sob o comando de Valter Casimiro Silveira.

Antes, a Saúde era comandada por Ricardo Barros e, os Transportes, por Maurício Quintella.

Ambos pediram exoneração dos cargos para poderem concorrer às eleições de outubro deste ano.

Neste domingo (1º), Temer confirmou outra mudança na Esplanada dos Ministérios. O ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, deixará o posto para assumir a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Oliveira, que era cotado para assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Henrique Meirelles, será substituído na pasta por Esteves Pedro Colnago. A data das posses ainda não foi divulgada.

As posses acontecem cinco dias antes da data-limite para que candidatos ao pleito deixem cargos públicos. Até sábado (7), interessados em disputar as eleições também devem estar filiados a um partido político. A expectativa é que até outros oito ministros saiam das pastas nesta semana.

Em relação à defesa de Temer diante da crise, o agora ministro da Saúde, Gilberto Occhi, afirmou continuar apoiando o presidente da República e que há “ganhos que ninguém quer perder”. Como um dos exemplos, citou a retomada de obras paralisadas. 

“Eu defendo sempre a Justiça, defendo sempre que o que está previsto na Constituição. Todos são inocentes até que se prove o contrário. Não podemos fazer um julgamento das pessoas que foram ouvidas”, falou, em referência aos amigos de Temer presos no final de semana pela Polícia Federal.

O novo presidente da Caixa, Nelson Antônio de Souza, não quis comentar a crise política justificando ser técnico, não político. Quando questionado insistentemente sobre o assunto, esquivou-se respondendo que o governo federal continua trabalhando.