Janot diz que Judiciário não pode seguir pressão das ruas, mas deve prestar contas
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
03/04/2018 10h48Atualizada em 03/04/2018 10h52
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou nesta terça-feira (3) que o Ministério Público e o Judiciário devem atuar com transparência e prestar contas de suas decisões à sociedade, apesar de não deverem se submeter à "pressão das ruas".
"O Ministério Público e o Judiciário devem accountabillity [prestação de contas] à sociedade. Não é agir de acordo com a pressão da rua, mas prestar contas daquilo que faz", disse.
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Janot fez a afirmação em palestra em uma universidade de Brasília, ao comentar a mudança provocada na sociedade pela veiculação dos julgamentos do STF (Supremo Tribunal Federal) pela TV Justiça. "Isso gera transparência e gera cobrança", disse.
Como exemplo, o hoje subprocurador-geral da República citou o interesse no julgamento, nesta quarta-feira (4), de recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo STF. "Se fosse nossa cultura de 15 anos atrás, aquilo ia ser um julgamento que ia interessar a advogados, ao Ministério Público e pronto", comentou Janot.
Estão previstos vários protestos nesta terça (3) e quarta-feira, tanto contra como a favor do petista.
Combate à corrupção
Na palestra, Janot afirmou que não se pode desistir do combate à corrupção.
"Eu prefiro fracassar do que desistir, porque o combate à corrupção exige muita resiliência", disse.
A afirmação faz referência, segundo Janot, a uma frase atribuída a Henry Ford: "Existem mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam".
Janot é professor da pós-graduação do Uniceub (Centro Universitário de Brasília) e foi procurador-geral da República durante a deflagração da Operação Lava Jato.
A palestra abordou as técnicas de investigação da Operação Lava Jato.