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Aliados de Lula convocam vigília; políticos da base apoiam ordem de prisão

Gustavo Maia, Luciana Amaral e Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

05/04/2018 19h12Atualizada em 06/04/2018 02h42

Após a ordem de prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo juiz federal Sérgio Moro na tarde desta quinta-feira (5), políticos aliados de Lula criticaram a medida da Justiça, chegando a chamá-la de “ilegal”. Eles também convocaram militantes para vigília a partir da manhã desta sexta (6) em frente à casa do petista em São Bernardo do Campo, em São Paulo.

Já os políticos da base do governo do presidente da República, Michel Temer (MDB), e outros que não fazem parte de partidos de esquerda comemoram a prisão de Lula nas redes sociais.

Veja a repercussão:

O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), publicou vídeo em que chama a ação da Justiça de “covardia” e convoca os militantes a irem à casa de Lula em São Bernardo do Campo às 5h.

“Na verdade, isso é um absurdo porque a defesa do presidente Lula ainda tinha até terça-feira para apresentar os embargos dos embargos. [...] É a hora de a gente estar com o presidente Lula, então quero chamar todos vocês aqui de São Paulo, gente que é de fora do Estado também para ir amanhã a São Bernardo do Campo para mostrar nossa solidariedade ao presidente Lula. Porque essa prisão é um absurdo, ilegal e inconstitucional”, declarou.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) disse ao UOL que Moro “provavelmente, já tinha pronto esse ofício desde o primeiro dia em que começou a persegui-lo [Lula]”. Se dependesse dela, falou, o ex-presidente não se entregaria à Polícia Federal.

Além de criticar Moro e dizer que foram utilizadas “série de artimanhas” no julgamento desta quarta (4) no STF (Supremo Tribunal Federal), ela afirmou que, para a oposição, “Lula é inocente e isso é uma prisão política”. Maria do Rosário ainda reforçou a vontade de ter Lula candidato nas eleições de outubro deste ano.

“O presidente Lula é o nosso candidato. Só temos esta. Não apresentaremos outro candidato. E vamos reforçar, somos um partido”, declarou.

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O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado afirmou, em nota, que a prisão de Lula “traz esperança aos brasileiros”. Para ele, o país “mudou e vive um novo momento” e que não tiver tal consciência estará fora da política e preso respondendo pelos crimes cometidos. Ele ainda elogiou Sérgio Moro.

“A prisão de Lula mostra a força e a conscientização do povo brasileiro em não aceitar quem usa o cargo público para corromper e ser corrompido. É uma quebra de paradigma, pois ninguém imaginava que um dia um ex-presidente corrupto iria para a cadeia. Os ‘intocáveis’ vieram para a ala dos comuns e receberão tratamento igualitário da justiça, que reergueu a autoestima do brasileiro e reacendeu a esperança de um país mais justo. Nosso povo passou a acreditar que o Brasil tem solução. E tudo isso graças a pessoas do quilate do juiz Sérgio Moro, que começou essa transformação exercendo seu trabalho de forma isenta e eficaz. Sempre com garra, determinação, respeitando as leis e a Constituição”, informou.

A líder do PCdoB no Senado, Vanessa Grazziotin (AM), escreveu nas redes sociais: “Barbaridade! Prisão de Lula decretada e ainda dizem q a lei é para todos! Como assim? Condenaram Lula sem provas e prendem sem trânsito em julgado!!! Ah! Ele não é do PSDB! VAMOS REAGIR”.

Em nota, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) criticou o que chamou de “pressa na prisão” e falou que, enquanto isso, processos de Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) “se arrastam”. “O sistema judiciário brasileiro costuma ter dois pesos e duas medidas”, escreveu.

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), chamou a ordem de prisão como “violência sem precedentes na nossa história democrática”. “Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura", disse.

O senador Humberto Costa (PT-PE) escreveu nas redes sociais: “Esse mandado de prisão expedido de forma absolutamente açodada é mais um declarado abuso nessa caçada política implacável contra Lula. É um escândalo, que envergonha o Brasil”. 

O vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), gravou vídeo em que disse que a decisão demonstra que “tem justiça no Brasil” e esta “vale para todos”. Ele elogia a história política de Lula, mas fala que ele “se perdeu na corrupção”. “A impunidade está caindo fortemente”, finalizou.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou o juiz Sérgio Moro por decretar a prisão "antes mesmo de esgotados recursos em 2ª instância e antes de finalizado o debate constitucional no Supremo [Tribunal Federal]". Para ele, a decisão "só se explica por ansiedade ou parcialidade. Ou os 2 erros simultaneamente". "O juiz acha que um recurso é uma 'patologia a ser varrida'. Então resolve ele mesmo 'varrer'. Ocorre que ele não tem essa competência constitucional, pois ele não foi eleito membro do Congresso Nacional, nem é ministro do Supremo", escreveu Dino, que é ex-juiz federal.

Em vídeo, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), falou que a ordem de prisão de Lula é algo “extremamente grave e inaceitável”, inclusive por teoricamente não ter esgotado todos os recursos possíveis na Justiça. “O juiz Sérgio Moro, mais uma vez em busca de holofotes, passou os limites da irresponsabilidade e afronta, mais uma vez, o Estado Democrático de Direito em sua sanha enlouquecida de perseguição ao presidente Lula”, declarou em vídeo gravado dentro de um carro. Para Pimenta, Lula está sofrendo uma perseguição “odiosa” embora seja inocente, ao seu ver. “Nós não aceitamos. Consideramos um abuso institucional, uma ilegalidade”, disse. “É uma decisão política”.

Vice-líder da minoria na Câmara dos Deputados, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) escreveu no Twitter: “O juiz parcial e arbitrário Sergio Moro, símbolo maior do estado de exceção, acaba de decretar a prisão do ex-presidente Lula, antes da conclusão dos recursos no TRF4. Resistiremos! #LulaLivre Diante da decisão do juiz parcial e arbitrário Sérgio Moro, resistiremos! Todos para São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos”.

O vereador de São Paulo pelo DEM e um dos fundadores do MBL (Movimento Brasil Livre) Fernando Holiday disse que "Moro acaba de lavar a alma dos brasileiros".

Vereador do Rio de Janeiro pelo PSC e filho do pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), Carlos Bolsonaro fez críticas ao PT (Partido dos Trabalhadores) e à rede de televisão Globo News. "O PT e seus auxiliares ameaçaram de morte os brasileiros que não os apoiam, afrontam a Justiça. São condenados por corrupção, dizem que vão regular a mídia e muitos outros crimes ignorados, mas a Globo News insiste: 'Lula saiu da presidência com alta avaliação'", disse.

O prefeito de São Paulo e pré-candidato ao Governo de São Paulo, João Doria (PSDB), fez duras críticas ao ex-presidente Lula e exaltou o trabalho dos magistrados brasileiros envolvidos no julgamento do caso do tríplex. "Nós, brasileiros, estamos todos de alma lavada. Lula, o seu dia chegou. Você fez foi muito mal ao Brasil, deu carimbo de corrupção no país. Graças aos juízes do TRF-4, graças ao juiz Sergio Moro e graças, também, aos 6 juízes do STF que te condenaram na votação de ontem. O Brasil começa a respirar democracia, e você, Lula, vai respirar na cadeia", afirmou.

A senadora Katia Abreu (PDT-TO) classificou como "hipocrisia" e "vergonha nacional" a ordem de prisão expedida contra o ex-presidente. Em mensagem publicada no Twitter, ela criticou o fato de o petista ser preso e o presidente Michel Temer (MDB), o senador Romero Jucá (RR) e o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, permanecerem soltos. Os três são do MDB, partido do qual ela foi expulsa no ano passado. Katia foi ministra da Agricultura do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).