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Lula não se entregará e fará discurso em caminhão de som, dizem lideranças

Nathan Lopes e Janaína Garcia

Do UOL, em Curitiba e em São Bernardo do Campo

06/04/2018 15h06Atualizada em 06/04/2018 15h46

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve se entregar à Polícia Federal e, às 17h, horário limite estipulado pelo juiz federal Sérgio Moro, é provável que esteja discursando em um caminhão de som instalado em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), segundo acertado em reunião entre lideranças de partidos políticos e movimentos sociais. A fala do ex-presidente está prevista para 16h, mas os atos envolvendo Lula costumam atrasar.

De acordo com o senador Humberto Costa, a tendência é que Lula fique no sindicato, ainda que “outras possibilidades” estejam sob análise. “Como ele se entregar sem resistência ou nós o levarmos até Congonhas, por exemplo”, disse Costa ao UOL.

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O objetivo é que os atos em apoio a Lula fiquem concentrados no sindicato, que, desde a noite de ontem, foi o local escolhido pelo petista para receber apoiadores. "Ele não vai se entregar", disse Bernadete Menezes, que integra a Executiva do PSOL.

Além de PSOL e PT, membros do PCdoB e PDT estiveram na reunião, realizada em São Bernardo. Entre os movimentos sociais, havia o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e o MST (Movimento dos Sem Terra). 

Pela manhã, a "Folha" divulgou que Lula decidiu não se entregar à PF. Ainda segundo apurou o jornal, a Polícia Federal descarta enviar agentes ao sindicato pois a ação poderia acabar em confronto e colocar em risco a vida de pessoas.

Menezes diz que não acredita que agentes federais irão até o sindicato devido à mobilização no local, nem que a Polícia Militar iria apoiar uma ação desse tipo, tendo em vista que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), deixou o cargo nesta sexta-feira para disputar a Presidência da República. Segundo ela, isso poderia prejudicá-lo eleitoralmente.

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Atos pelo país

Foi definida uma série de atos de apoio ao ex-presidente. Pessoas que participaram da reunião afirmam que há ações previstas para, pelo menos, até segunda-feira (9). 

Em documento assinado pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, os partidos e movimentos populares convocam "todos os democratas a cerrarem fileiras em defesa da liberdade do presidente Lula e contra o arbítrio". "Estradas estão sendo bloqueadas. Mobilizações despontam nas principais cidades e regiões. Vários governos denunciam ao mundo os atropelos em curso", diz o documento.

"[Estamos] dispostos a resistir contra a truculência e a mesquinharia dos que tomaram as instituições de assalto", diz o texto. "Convocamos todos a se somarem aos atos unitários programados para hoje e nos próximos dias em todo Brasil. E todos que puderem se dirigir imediatamente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC."

Segundo Renato Simões, coordenador-executivo do programa do PT ao Planalto e membro da Executiva Nacional do PT, está sendo planejada uma "vigília permanente" no sindicato.

Segundo Simões, os partidos e movimentos definiram que o apoio a Lula é uma “batalha decisiva pela democracia no Brasil”.