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Sem discutir candidatura, Executiva do PT se reúne para definir ação pró-Lula

Cantora Ana Cañas se apresenta para militantes no acampamento do PT nos arredores da Policia Federal em Curitiba, onde Lula cumpre pena - Theo Marques/Framephoto/Estadão Conteúdo
Cantora Ana Cañas se apresenta para militantes no acampamento do PT nos arredores da Policia Federal em Curitiba, onde Lula cumpre pena Imagem: Theo Marques/Framephoto/Estadão Conteúdo

Bernardo Barbosa e Nathan Lopes

Do UOL, em Curitiba

09/04/2018 04h00

A Executiva Nacional do PT marcou uma reunião extraordinária para a tarde desta segunda-feira (9) em Curitiba para definir ações políticas e jurídicas a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em conjunto com movimentos sociais.

Apesar de Lula estar preso desde sábado (7) e em tese inelegível, sua candidatura presidencial não deverá ser reavaliada no encontro, mas sim reafirmada.

A reunião foi marcada após o ex-presidente se entregar à Polícia Federal, no final da noite de sábado, para começar a cumprir sua pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex, da Operação Lava Jato.

Apesar de setores do partido desejarem o debate, a viabilidade da candidatura de Lula não é algo a ser discutido, segundo fontes ouvidas pelo UOL.

O partido, por decisão da Executiva Nacional, manterá a ideia de registrar a candidatura de Lula ao Planalto em 15 de agosto, mesmo que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) venha a julgar o ex-presidente inelegível por ter sido condenado em segunda instância. 

"Essa é a razão da prisão: ele ser um forte candidato. Sem dúvida nenhuma, nós reafirmaremos a defesa dele", disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), membro da Executiva Nacional.

Lula chega à PF - Theo Marques/UOL - Theo Marques/UOL
Lula chega à sede da PF, onde cumpre pena
Imagem: Theo Marques/UOL

Antes de Lula se entregar à Polícia Federal, o ex-ministro Alexandre Padilha, um dos vice-presidentes do partido, disse à BBC que o ex-presidente será registrado. "Não será o PT que vai retirar Lula das eleições", afirmou.

Caravanas e STF

Outro tema na pauta do PT é a elaboração de uma agenda de mobilização pelo Brasil, inclusive com a possibilidade de convocação de caravanas como as lideradas pelo ex-presidente desde o ano passado.

"Queremos a mais ampla que se possa fazer no Brasil pela democracia, pela liberdade do Lula", disse Teixeira.

O encontro servirá também para transferir, simbolicamente, a sede do partido de São Paulo para Curitiba, como forma de tornar a cidade o centro da atuação política em defesa de Lula enquanto ele estiver detido.

Desde a noite de sábado, apoiadores de Lula estão reunidos em uma rua a pouco mais de 100 metros do prédio onde o ex-presidente está preso, a sede da PF em Curitiba --a Polícia Militar isolou o edifício devido a uma ordem judicial.

Na noite de domingo (8), o grupo já somava entre 700 e 1.000 pessoas, segundo estimativas informais feitas por policiais militares que faziam patrulhamento na região. Não há um balanço oficial da PM.

Segundo o secretário nacional de movimentos populares do PT, Ivan Alex Lima, a "vigília cívica pela soltura de Lula" só termina quando o ex-presidente deixar a prisão. "Até ele sair", afirmou.

Na frente jurídica, o debate deverá ser em torno da discussão, no STF (Supremo Tribunal Federal), sobre a prisão após condenação em segunda instância como tese, e não apenas a respeito de um caso específico, como foi o julgamento do habeas corpus do ex-presidente na semana passada. Na quarta-feira (11), o ministro do STF Marco Aurélio Mello deverá colocar o tema em discussão.

"Na minha opinião, o tema no STF interessa à maioria da sociedade. Então, acho que o PT deve fazer um movimento com todo mundo em torno dessa questão", avalia Teixeira.

"Nós achamos que a prisão tem que ser revertida rapidamente. Temos a esperança que o Supremo, não só em nome do Lula, mas em respeito à Constituição, possa fazer essa reversão."