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Ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares se entrega à PF para cumprir pena

Giuliano Gomes/Folhapress
Imagem: Giuliano Gomes/Folhapress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

24/05/2018 16h35Atualizada em 24/05/2018 19h38

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares se entregou à PF (Polícia Federal) em São Paulo na tarde desta quinta (24) para cumprir pena de 6 anos de prisão por lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.

Delúbio se apresentou à polícia depois que o juiz federal Sergio Moro ordenou sua prisão, na noite de quarta (23). Horas antes, a 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negou o último recurso do petista. O TRF-4 é a segunda instância dos processos da Operação Lava Jato.

No início da noite desta quinta, o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu rejeitar o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-tesoureiro. O ministro negou seguimento ao recurso.

Moro autorizou que Delúbio comece a cumprir na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Na decisão, Moro afirma que a continuidade de Delúbio no presídio deve ser autorizada pela 12.ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela execução penal. A defesa do ex-tesoureiro do PT alega que familiares do petista moram em Brasília.

Delúbio já havia sido condenado e preso por seu envolvimento no escândalo do mensalão, mas teve a pena perdoada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2016.

Em nota, sua defesa afirmou que o processo não informa que atos foram cometidos por Delúbio para lavar dinheiro e disse que vai recorrer aos tribunais superiores, onde o petista "espera ser julgado com isenção e imparcialidade, o que infelizmente não tem ocorrido".

Além de Delúbio, Moro também que fossem presas mais três pessoas condenadas por lavagem de dinheiro no mesmo processo: os empresários Ronan Maria Pinto, Enivaldo Quadrado e o economista Luiz Carlos Casante. Em seu despacho, o juiz autorizou que os presos sejam transferidos para o Complexo Médico Penal, em Piraquara, onde há uma ala reservada para os presos da Operação Lava Jato.

Segundo a assessoria de imprensa da PF, no entanto, não há previsão para que Delúbio seja transferido para outra unidade prisional. De acordo com a comunicação da JFPR (Justiça Federal do Paraná), ainda não foi aberto nenhum processo para que seja realizada uma eventual transferência do petista. 

Na ordem de prisão, Moro fez uma defesa da prisão imediata após decisão na segunda instância. Segundo o juiz, a execução da pena deve ser rápida no processo que envolve Delúbio e demais condenados.

"Tratando-se de crimes de gravidade, inclusive lavagem de dinheiro, com produto milionário do crime financeiro destinado, por motivos ainda obscuros, a terceiro e no interesse de agente do Partido dos Trabalhadores, e mediante inúmeras transações fraudulentas, a execução após a condenação em segundo grau impõe-se sob pena de dar causa a processos sem fim e a, na prática, impunidade de sérias condutas criminais”, afirmou o magistrado.

Entenda o caso

Delúbio é acusado de ter obtido R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin em 2004 usando como intermediário o empresário José Carlos Bumlai. O dinheiro teria sido usado em despesas de interesse do PT, quando Delúbio ainda era tesoureiro do partido.

A defesa do ex-tesoureiro defende que "ele nunca pediu ou anuiu que fosse feito qualquer empréstimo pelo Banco Schahin ao PT ou a qualquer outra pessoa".

De acordo com a Lava Jato, o valor foi pago a uma empresa de Berti e, depois, metade dos recursos foi repassada a Ronan Maria Pinto. As operações foram estruturadas, segundo a Justiça, por Enivaldo Quadrado e Luiz Carlos Casante.

O MPF (Ministério Público Federal) suspeita que o pagamento a Ronan se deveria a uma extorsão cometida pelo empresário contra o PT, mas o fato não consta da denúncia, que se dedica exclusivamente ao crime de lavagem de dinheiro. (Com informações da Agência Estado)