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Com greve, Moro suspende depoimento de FHC como testemunha de Lula em processo

William Volcov - 16.mai.2018/Divulgação/Lide
Imagem: William Volcov - 16.mai.2018/Divulgação/Lide

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

25/05/2018 15h25Atualizada em 25/05/2018 15h40

O juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, decidiu suspender os depoimentos, marcados para segunda-feira (28), de testemunhas do processo da Operação Lava Jato sobre reformas em um sítio de Atibaia (SP) usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em despacho publicado na tarde desta sexta (25), Moro cita a "movimento de paralisação de motoristas de caminhões nas estradas brasileiras" e diz que, "considerando a incerteza em relação aos próximos dias, é o caso de, por prudência, suspender as audiências do dia 28/05/2018 e, oportunamente, redesigná-las."

Entre os depoimentos suspensos está o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), arrolado como testemunha de defesa de Lula. Moro ainda não remarcou as audiências.

Na decisão, o juiz também fez comentários sobre o movimento que, desde o começo da semana, paralisa o país.

"Há uma pauta de reivindicação legítima da respeitável categoria e que deve ser avaliada pelas autoridades competentes. No entanto, o prolongamento excessivo da paralisação e que inclui o questionável bloqueio de rodovias tem gerado sérios problemas para a população em geral, com prejuízos principalmente para o abastecimento de alimentos e de combustíveis nas cidades", disse Moro.

O magistrado mencionou também que "o deslocamento entre as cidades e mesmo dentro delas tem sido prejudicado, com afetação dos serviços públicos e inclusive de prestação de Justiça", e lembrou que, nesta sexta, o expediente na Justiça Federal em Curitiba foi suspenso, "muito embora seja intenso o trabalho interno dos servidores".

Moro ainda fez um apelo aos participantes do movimento. "Espera-se que prevaleça o bom senso dos envolvidos, com a normalização da situação e antes que ocorram episódios de violência", escreveu.

O processo sobre o sítio de Atibaia tem audiências marcadas até o fim de junho. Nesta ação penal, o MPF acusa Lula de ter recebido cerca de R$ 1 milhão em propinas por meio de reformas feitas na propriedade pelas construtoras Odebrecht, OAS e Schahin. Segundo os procuradores, a vantagem indevida veio de contratos obtidos de forma fraudulenta pelas empresas junto à Petrobras.

Moro aceitou a denúncia em agosto do ano passado, transformando Lula e mais 12 pessoas em rés no processo. A defesa do ex-presidente afirma que ele jamais pediu ou recebeu favorecimento ou vantagem indevida de qualquer empresa.

O movimento dos caminhoneiros persistiu nesta sexta mesmo depois do anúncio de um acordo com o governo, fechado na noite de ontem, para o fim da paralisação. No começo da tarde, o presidente Michel Temer anunciou o uso de "forças federais" para liberar as estradas bloqueadas, e o Exército avalia ainda hoje as possibilidades de atuação.

Segundo caminhoneiros e entidades que representam os profissionais, a paralisação é motivada principalmente pelo atual preço do diesel. De acordo com os grevistas, o valor do combustível torna inviável o transporte no país. Como parte do acordo de ontem, o governo se comprometeu a reduzir o preço do diesel em 10% por 30 dias -- a Petrobras e a União cobrirão a queda, e o Ministério da Fazenda estimou o gasto em R$ 700 milhões.