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Papa Francisco envia rosário a Lula, diz PT; Vaticano nega

11.jun.2018 - Rosário que teria sido enviado a Lula em nome do papa Francisco - Claudio Kbene/Reprodução
11.jun.2018 - Rosário que teria sido enviado a Lula em nome do papa Francisco Imagem: Claudio Kbene/Reprodução

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo*

11/06/2018 17h11Atualizada em 12/06/2018 11h51

O PT afirmou nesta segunda-feira (11) que um rosário foi enviado pelo papa Francisco ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e entregue nesta tarde na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista está preso desde o dia 7 de abril. O objeto foi levado pelo advogado argentino Juan Grabois, consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz da Santa Sé, órgão que foi extinto em 2017 e incorporado a uma unidade do Vaticano voltada para o desenvolvimento humano integral. 

Nesta terça-feira (12), o Vaticano divulgou nota de esclarecimento em que atribui a uma ação "pessoal", e não em nome do papa, a tentativa de visita de Grabois. A nota, publicada pelo site Vaticanews, responsável pela comunicação oficial da Santa Sé, afirma ainda que o rosário levado foi "abençoado" pelo papa, mas não enviado por ele.

No dia da tentativa de visita, a PF (Polícia Federal) disse desconhecer o suposto rosário enviado pelo papa e afirmou que nenhum presente foi entregue ao ex-presidente nesta segunda. Questionado pelo UOL sobre a negativa da Polícia, o PT manteve a informação sobre a entrega. Em seu site, o partido disse que "policiais federais ficaram com o presente, prometendo entregá-lo ao verdadeiro dono”.

Grabois tentou visitar o ex-presidente na tarde desta segunda, mas, segundo ele, sua entrada foi impedida por autoridades da PF, que argumentaram que o consultor não poderia visitar o ex-presidente "por não ser um sacerdote consagrado".

Na sede da PF, o ex-presidente está autorizado a receber visitas para “assistência espiritual” às segundas-feiras. Segundo a corporação, o direito não é exclusivo de Lula e vale desde 2015 para presos no local.

Entre os visitantes que já se encontraram com Lula para “assistência espiritual” na prisão estão o teólogo Leonardo Boff, o religioso Frei Betto e o monge Marcelo Barros.

"Vim com muita esperança para trazer uma mensagem ao ex-presidente Lula e lamentavelmente, de forma um tanto inexplicável para mim, os funcionários da Superintendência, por uma ordem que entendi que vinha de cima, resolveram impedir a visita", disse Grabois em entrevista a jornalistas em frente à sede da PF.

"Todos os batizados têm uma missão, são discípulos religiosos e têm uma missão a cumprir, então me surpreende que os funcionários [da PF] não saibam disso", afirmou. Grabois disse ainda que, além do terço abençoado pelo papa Francisco, deixou uma nota manuscrita para Lula.

Cofundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e da Confederação da Economia Popular, além de professor universitário, Grabois foi nomeado pelo papa Francisco como um dos 15 consultores do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz em 11 de junho de 2016. Ele é presença frequente no Vaticano em encontros de movimentos sociais.

Lula cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Sua defesa nega que haja provas dos crimes imputados a ele e recorre da condenação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar da prisão, Lula é o pré-candidato do PT à eleição presidencial de outubro e lidera as principais pesquisas de intenção de voto para o pleito.

*Com informações da Ansa