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Gleisi ironiza encontro entre Moro e Bolsonaro: 'Viva juízes isentos e presidentes democráticos'

Roberto Casimiro - 30.out.2018/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Roberto Casimiro - 30.out.2018/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

01/11/2018 10h25Atualizada em 01/11/2018 10h27

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, ironizou o encontro entre o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e o juiz federal Sergio Moro, responsável por processos da Operação Lava Jato na Justiça Federal no Paraná. Bolsonaro e Moro discutiram na manhã desta quinta (1º) a possibilidade do magistrado assumir o Ministério da Justiça.

Em mensagem nas redes sociais, Gleisi lembrou que Bolsonaro, em discurso transmitido via internet, disse, antes de ser eleito, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iria “apodrecer na cadeia” e que gostaria de “exterminar os vermelhos”. “Viva juízes isentos como Moro e presidentes democráticos como Bolsonaro!”, afirmou a senadora.

Moro viajou ao Rio para se reunir com Bolsonaro. Em Curitiba, no avião que o levou à capital fluminense, o juiz disse que havia uma possibilidade de aceitar o convite para assumir o ministério. Ele acredita que essa poderia ser uma oportunidade de “implantar uma agenda importante para o país, observada a Constituição e os direitos fundamentais”, disse ao jornal “Folha de S.Paulo”.

“O país precisa de uma agenda anticorrupção e uma agenda anticrime organizado. Se houver a possibilidade de uma implantação dessa agenda, convergência de ideias, como isso vai ser feito...”, disse.

A possibilidade de Moro assumir um ministério no governo Bolsonaro já foi alvo de crítica da defesa do ex-presidente Lula, condenado pelo juiz em um dos três processos em que ele é réu na Lava Jato. Em alegações finais apresentadas ao magistrado no processo a respeito de um terreno para o Instituto Lula, os advogados do ex-presidente alegam a parcialidade do juiz com base no convite.

Os petistas devem aumentar a carga de críticas contra Moro se o convite for aceito. Também nas redes sociais, o líder do PT na Câmara, deputado federal Paulo Pimenta, disse que o juiz “atuou na campanha como cabo eleitoral” de Bolsonaro. “Agora fica mais fácil de entender a implacável perseguição da Lava Jato contra Lula, o desespero de Moro para que o habeas corpus para soltar Lula não fosse cumprido, e a decisão para que Lula permanecesse isolado durante a campanha, sem nenhum contato com a imprensa”, escreveu.

Bolsonaro indicou

No primeiro dia após ser eleito, Bolsonaro confirmou, em uma série de entrevistas a emissoras de televisão, que pretendia convidar Moro para assumir a pasta da Justiça ou indicá-lo para ocupar umas das vagas do STF assim que houver disponibilidade.

Com a projeção de aposentadoria dos atuais ministros, cadeiras devem ficar vagas no Supremo em 2020 e 2022. Caso aceite ser ministro da Justiça do governo de Bolsonaro, Moro deverá pedir exoneração do cargo de juiz federal.

Bolsonaro diz que convidará Moro para ministério ou STF

UOL Notícias

Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá usar um eventual convite de Bolsonaro a Moro para reforçar, no exterior, a tese de parcialidade do magistrado. A PGR (Procuradoria-Geral da República), porém, já defendeu a conduta do magistrado, dizendo que ele se manteve "imparcial durante toda a marcha processual" em ações da Lava Jato.

Em julho de 2017, Moro condenou Lula à prisão no processo do tríplex. Sua sentença, confirmada em segunda instância, tirou o petista da disputa pelo Planalto. O ex-presidente e seus advogados sempre sustentam que o processo é uma perseguição política.

Lula ainda pode ser condenado por Moro em outras duas ações. Em uma delas, o ex-presidente será interrogado pelo juiz no próximo dia 14 de novembro, em Curitiba. Essa será a primeira vez em que Lula deixará a Superintendência da PF (Polícia Federal) na capital paranaense desde que se entregou, em 7 de abril, para cumprir sua pena a mais de 12 anos de prisão.

A mais recente polêmica envolvendo o juiz e Lula tem relação com o termo de colaboração do ex-ministro de governos petistas Antonio Palocci, o que aconteceu a seis dias do primeiro turno das eleições. Moro é alvo de uma representação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) movida pelo PT. O magistrado negou que tenha objetivo influenciar a eleição com o termo de delação de Palocci.

Nas redes sociais, a mulher de Moro chegou a comemorar a vitória de Bolsonaro no domingo (28). Rosângela Wolff Moro postou um vídeo em que a imagem do Cristo Redentor faz reverência à campanha de Bolsonaro e com a frase “estamos juntos, Brasil”. Na legenda do vídeo, ela diz estar “feliz”.