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Bolsonaro e embaixador da Itália discutem extradição de Battisti

Bolsonaro (à dir.) posa para foto ao lado do embaixador da Itália, Antônio Bernardini - Divulgação
Bolsonaro (à dir.) posa para foto ao lado do embaixador da Itália, Antônio Bernardini Imagem: Divulgação

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

05/11/2018 11h51Atualizada em 05/11/2018 12h15

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou ao embaixador da Itália no Brasil, Antônio Bernardini, ser favorável à extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti --que segue refugiado no Brasil desde 2004, após ter sido condenado à prisão perpétua em seu país, acusado por quatro assassinatos. O caso foi tratado durante a visita que Bernardini fez à casa de Bolsonaro, na zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (5).

Battisti nega a autoria dos crimes, que teriam sido cometidos entre os anos de 1977 e 1979, quando ele integrava o grupo guerrilheiro PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), na Itália.

"Claro que falamos sobre o caso. A Itália pede a extradição e o caso é debatido no STF. Esperamos que a decisão seja tomada no prazo mais curto possível. Ele [Bolsonaro] tem a mesma ideia que eu sobre este caso", disse o embaixador ao deixar o encontro, acompanhado da sua comitiva. Bernardini também entregou a Bolsonaro uma carta do presidente italiano, Sérgio Matarella.

Pela manhã, o presidente eleito também recebeu a visita do embaixador da China no Brasil, Li Jianzhang. As relações comerciais entre os dois países foram tema do encontro. Durante a campanha presidencial, Bolsonaro chegou a contestar os acordos firmados com a China, que é o maior parceiro comercial do país. No entanto, nenhum representante do governo chinês falou com a imprensa.

Caso Cesare Battisti

Desde 1981, quando fugiu da prisão de Frosinone, em Roma, Battisti viveu clandestinamente na França e no México. Em 1987, ele foi condenado à revelia, em seu país, à prisão perpétua.

Battisti chegou ao Brasil em 2004, após ter revogada a sua condição de refugiado em território francês. Ele chegou a cumprir prisão preventiva para fins de extradição, na penitenciária da Papuda, entre 2007 e 2010.

A decisão do então ministro da Justiça, Tarso Genro, que dava a ele o status de "refugiado político" gerou uma crise diplomática entre os dois países. No último dia do seu governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu parecer favorável à permanência dele no Brasil, contrariando uma votação do STF (Supremo Tribunal Federal), que pedia a extradição.

Battisti segue em liberdade no Brasil e somente a nova votação do STF pode decidir por sua eventual deportação.