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No STF, Toffoli e Bolsonaro prometem harmonia entre governo e Judiciário

Felipe Amorim e Gustavo Maia*

Do UOL, em Brasília

07/11/2018 10h31Atualizada em 07/11/2018 13h29

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), se encontrou na manhã desta quarta-feira (7) com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, na sede do tribunal, em Brasília, na primeira visita oficial de Bolsonaro ao Supremo após o resultado das eleições.

Em breve pronunciamento para a imprensa depois do encontro, Toffoli afirmou que o Brasil tem três desafios imediatos a vencer: previdenciário, fiscal e de segurança pública. “Da parte do STF, estamos abertos a esse diálogo institucional para estabelecermos um novo pacto republicano como houve no passado”, afirmou. “Inclusive as leis que tratam do combate à corrupção foram pactos, essas leis transformaram o Brasil.”

O presidente eleito prometeu tratar com velocidade as reformas da Previdência e tributária, além da questão da segurança pública, para lidar com desafios que o país enfrenta, afirmando que o Brasil atravessou "gravíssimas" crises ética e econômica.

Ambos também prometerem "harmonia" na relação entre Executivo e Judiciário. "As relações entre os Poderes são de independência, mas temos o dever da harmonia e, da nossa parte, estaremos sempre abertos a essa harmonia", afirmou Toffoli.

Após a fala do ministro, Bolsonaro se disse honrado e anunciou que “muitas vezes, antes de tomar a decisão”, vai procurá-lo para “diminuir a resistência no Parlamento”. O STF geralmente é acionado quando há questionamentos a projetos aprovados no Legislativo.

"Queremos cada vez mais trabalharmos juntos. Os desafios do Brasil são muito grandes e temos certeza que trabalhando nessa harmonia poderemos ter resultados. O Brasil tem desafios enormes para serem vencidos", disse Bolsonaro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro  (PSL-SP) gravava as falas com o celular, mas não se manifestou durante o encontro. Outro filho do presidente eleito, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) —que se elegeu para o Senado— disse querer “deixar problemas menores para um segundo momento”.

Antes de participarem da reunião, Toffoli e Bolsonaro ficaram cerca de dez minutos a sós.

Estava presente também ao encontro no STF o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito que causou polêmica no segundo turno da corrida presidencial em razão de um vídeo gravado em julho. Na ocasião, Eduardo afirmou que bastava mandar um soldado e um cabo para fechar o STF.

Bolsonaro também levou para o encontro outros dois filhos --Flávio e o estudante Jair Renan-- e os generais Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira. Toffoli levou integrantes de sua equipe no STF e no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Só homens participaram da reunião.

Bolsonaro vai se encontrar com o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto para marcar o início formal da transição de governo. Ele também se reúne hoje com o futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, e deve ficar pelo menos até a manhã desta quinta em Brasília.

Evento no Congresso

O primeiro encontro entre Bolsonaro e Toffoli após a eleição ocorreu na manhã desta terça-feira (6), quando os dois se sentaram lado a lado durante solenidade de celebração dos 30 anos da Constituição Federal de 1988, no Congresso.

No encontro, Toffoli apontou o que classificou como três "desafios" para o Brasil: a reforma da Previdência, a responsabilidade fiscal e a segurança pública.

Sobre segurança, Toffoli afirmou ser preciso mudanças processuais, a serem realizadas pelo Congresso, para tornar mais efetivo o julgamento dos crimes e classificou o alto número de homicídios no país como uma "epidemia".

"Num país que tem mais de 60 mil homicídios por ano, nós temos certamente que reavaliar o nosso sistema processual, porque nem 10% desses homicídios são julgados", disse o ministro. (*Colaborou Eduardo Lucizano e Reuters)

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