Topo

Após polêmica, Bolsonaro diz que procurador a favor de Escola sem Partido é cotado para Educação

Bolsonaro disse que procura um perfil técnico para o Ministério da Educação - REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro disse que procura um perfil técnico para o Ministério da Educação Imagem: REUTERS/Adriano Machado

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

22/11/2018 08h57Atualizada em 22/11/2018 11h35

Após polêmica envolvendo o futuro ministro da Educação, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), citou nesta quinta-feira (22) o nome do procurador da República Guilherme Schelb como um dos avaliados para comandar a pasta em seu governo.

Bolsonaro não confirmou a indicação do procurador, mas disse que ele é cotado para o cargo e que os dois irão se reunir hoje em Brasília. O presidente eleito disse ainda que procura um perfil técnico para o ministério.

"Eu vou conversar hoje sobre o Guilherme Schelb também, a gente conversa para tomar a decisão na frente. É um ministério importantíssimo e é ali que está o futuro do Brasil", disse Bolsonaro.

Schelb é procurador regional da República, cargo que tem atuação na segunda instância da Justiça Federal. Ele atua em Brasília, junto ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).

Ele é abertamente defensor do projeto Escola sem Partido e a favor da proibição da discussão de gênero e sexualidade nas escolas. Schelb, inclusive, já se posicionou favorável aos dois temas em uma comissão especial na Câmara no ano passado.

Schelb  - Antonio Augusto/Câmara dos Deputados - Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
Schelb é procurador regional da República e defensor do Escola sem Partido
Imagem: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados

Perguntado sobre o assunto, Bolsonaro saiu em defesa dessas duas bandeiras. "O que diz o projeto [Escola sem Partido]? Se o professor quiser usar o espaço cativo para dizer que o partido A é melhor que o B, o aluno pode fazer o contraponto para dizer que o B é melhor que o A e não sofrer retaliação, é isso que diz o projeto", defendeu o presidente eleito.

"Contra ideologia de gênero, quem ensina sexo para criança é papai e mamãe. Escola é lugar de se aprender física, matemática, química, para fazer com que no futuro tenhamos um bom empregado, um bom patrão e um bom liberal", afirmou.

Citado por Bolsonaro teve iniciativa criticada por Procuradoria

Em março do ano passado, a PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) divulgou nota técnica afirmando ser inconstitucional uma iniciativa de Schelb para proibir a discussão de assuntos envolvendo gênero e sexualidade nas escolas.

Segundo a PFDC, Schelb foi o autor de uma notificação extrajudicial divulgada na internet com o objetivo de inibir esse tipo de debate nas escolas.

O documento era dirigido a diretores de escola e professores e afirmava que caso eles apresentassem em sala de aula conteúdos sobre sexualidade e gênero poderiam ser processados judicialmente.

A reportagem do UOL ainda não conseguiu entrar em contado com o procurador.

Nome de diretor do Instituto Ayrton Senna gerou atrito

Na quarta-feira (21), o nome de Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, já era considerado como certo para assumir a Educação.

Segundo o UOL apurou, integrantes da cúpula do PSL, partido de Bolsonaro, davam como certa a indicação dele. Após o tema ser divulgado pela imprensa, Bolsonaro declarou em suas redes sociais que nada estava definido.

A escolha de Ramos causou reação da bancada evangélica, que defende projetos como o Escola sem Partido, e gerou um atrito no novo governo.

Bolsonaro elogiou Mozart nesta quinta-feira, mas disse que seu nome não chegou a lhe ser apresentado como possível ministro.

"A gente tem todo respeito e consideração por ele [Mozart] entre outros, mas não tem nada sequer ainda definido. É um ministério importantíssimo, o futuro do Brasil passa por ali", afirmou.

Segundo Bolsonaro, a especulação sobre o nome de Mozart pode ter surgido com a intenção de contrariar a bancada evangélica de apoio ao futuro governo.

"Talvez, a intenção de pregar alguém como o senhor Mozart como ministro foi tentar fazer que a bancada evangélica se voltasse contra minha pessoa. Nem foi cogitado o nome do senhor Mozart para ser ministro, então não procede isso", declarou.

Bolsonaro também disse que poderá conversar hoje com Mozart. "Estou pronto para conversar com todo mundo. Não sei se ele vai estar em Brasília hoje. Se estiver, converso. Já conversei no passado com Viviane Senna [presidente do instituto], já conversei com outras pessoas e nós temos que ter um bom nome técnico que realmente faça com que no final da linha a garotada tenha uma previsão", disse o presidente eleito.