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Governador, deputado, procurador: veja políticos do RJ presos por corrupção

Do UOL, no Rio

29/11/2018 20h17

A prisão do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB) nesta quinta-feira (29), é a mais recente de uma série de detenções de políticos e funcionários públicos da administração fluminense ligadas a escândalos de corrupção.

Pezão é o quarto governador eleito a ser detido - e o primeiro preso durante o mandato. Mas há também na lista presidentes da Assembleia Legislativa, deputados, conselheiros do Tribunal da Contas do Estado, servidores de alto escalão e um ex-procurador-geral de Justiça.

Veja abaixo quem são alguns desses políticos que foram parar atrás das grades.

Sérgio Cabral (MDB) - ex-governador

O ex-governador Sérgio Cabral está preso desde 2016 e é apontado na Operação Lava Jato como chefe do maior esquema de corrupção já realizado no estado do Rio. Ele foi preso pela operação Calicute quando já não ocupava mais o cargo. Foi acusado de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Cabral admite ter recebido dinheiro de caixa dois de campanha, mas nega casos de corrupção.

Ele sofreu condenações por superfaturamento de obras como a do estádio do Maracanã e do Arco Metropolitano, por caixa dois de campanha e por receber propina de construtoras em troca de favores. Até agora ele foi condenado a mais de 180 anos de prisão e cumpre pena em Bangu.

A mulher dele, Adriana Ancelmo, foi condenada em parte dos crimes que envolvem o marido e cumpre prisão domiciliar.

Garotinho e Rosinha (PRP) - ex-governadores

Além de Cabral e Pezão outros dois governadores eleitos do Rio passaram pela prisão. Anthony Garotinho e sua mulher Rosinha Matheus, do PRP, foram presos devido a acusações de crimes eleitorais - que eles negam. Atualmente os dois estão em liberdade.

Garotinho foi preso em três ocasiões entre 2016 e 2017 e teve sua candidatura ao governo do Rio barrada em 2018 pela Justiça Eleitoral.

Jorge Picciani (MDB) - ex-presidente da Alerj

Jorge Picciani - Júlio César Guimarães/UOL - Júlio César Guimarães/UOL
Jorge Picciani é ex-presidente da Assembleia legislativa do Rio
Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Deputado estadual e presidente afastado da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), Jorge Picciani está preso desde novembro de 2017 por suposto recebimento de propina como parte da operação Cadeia Velha, que investiga o pagamento de propinas a deputados estaduais do Rio por empresários do setor de transporte de passageiros. 

Na época da prisão, Picciani divulgou nota e afirmou que as acusações contra ele e sua família são falsas.

Em 28 de março, ele passou a cumprir prisão domiciliar por motivos de saúde após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Picciani foi acusado de receber do ex-governador Sérgio Cabral uma mesada de R$ 400 mil entre 2011 e 2014, período no qual ele ficou sem mandato eletivo após perder a disputa para o Senado, em 2014.

O delator Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, disse à Justiça Federal que teria ido à casa de Picciani para acertar o pagamento de propinas da Fetranspor. Ele é acusado de favorecer empresários de ônibus em votações da Assembleia Legislativa. 

Paulo Melo (MDB) - ex-presidente da Alerj

Paulo Melo - Jotta de Mattos/PhotoPress - Jotta de Mattos/PhotoPress
Imagem: Jotta de Mattos/PhotoPress

Assim como Picciani, Paulo Melo é deputado estadual do MDB e ex-presidente da Alerj. Ele está preso desde novembro de 2017, denunciado nas operações Cadeia Velha (a mesma que prendeu Picciani) e Furna da Onça. A última investiga desde o início de novembro deste ano um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual, que teria movimentado mais de R$ 54 milhões.

Na ocasião, Melo disse estar à disposição da Justiça e pronto para contribuir com as investigações. "Não tenho nada a esconder. Minha vida política sempre foi muito clara, todas as contribuições recebidas foram legais e declaradas na justiça eleitoral", afirmou em nota.

Ele e outros parlamentares foram acusados de votar de acordo com os interesses do ex-governador Sérgio Cabral em troca de pagamentos mensais.

Edson Albertassi (MDB) - deputado estadual

Albertassi  - Daniel Marenco / Agencia O Globo - Daniel Marenco / Agencia O Globo
Imagem: Daniel Marenco / Agencia O Globo

A Polícia Federal e o Ministério Público apreenderam durante a operação Cadeia Velha uma planilha atribuída ao deputado Edson Albertassi. O documento apontaria para indícios de loteamento de cargos no estado envolvendo parlamentares e secretários de governo. Assim como Picciani e Paulo Melo, Albertassi também é acusado de recebimento de propinas e está preso.

A defesa do advogado contestou as alegações da procuradoria. "O deputado nunca participou de qualquer ato criminoso durante seus mandatos e reafirma sua inocência".

Ele foi vereador em Volta Redonda em 1996 e depois exerceu cinco mandatos de deputado estadual. Foi vice-presidente da Alerj e presidente da Comissão de Constituição e Justiça. 

Albertassi foi acusado de receber R$ 80 mil por mês em propinas, além de R$ 1 milhão para a campanha eleitoral em 2014.

André Corrêa (DEM) - deputado estadual

André Corrêa - Gabriel Sabóia/UOL - Gabriel Sabóia/UOL
Imagem: Gabriel Sabóia/UOL

Sétimo mais votado na eleição para deputado estadual deste ano, Corrêa foi reeleito para seu sexto mandato com 66.881 votos. Segundo as investigações, Corrêa receberia R$ 100 mil por mês de propina em troca de apoio ao governo de Cabral.

Ao se preso pela Polícia Federal, ele afirmou: "Quem não deve não teme. Sigo deputado e mantenho a minha candidatura à Presidência da Alerj. E sigo com a minha promessa de tirar o PSOL da Presidência da Comissão de Direitos Humanos. Estou tão confiante da minha inocência que não tenho nem advogado", disse.

Chiquinho da Mangueira (PSC) - deputado estadual

Reeleito para o quinto mandato como deputado estadual com 22.141 votos, Chiquinho da Mangueira é corregedor parlamentar da Alerj e presidente da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. 

Segundo a procuradora Renata Baptista, ele teria recebido R$ 20 mil por mês, mais R$ 1 milhão para financiar o desfile da Mangueira no Carnaval e outros valores recebidos para campanha eleitoral. 

Por meio de sua assessoria, ele declarou que “todas as acusações imputadas a ele na operação Furna da Onça, realizada pela Polícia Federal, que o levou à prisão temporária, são infundadas e totalmente inverídicas”.

Segundo o advogado Pablo Andrade, da equipe jurídica de Chiquinho da Mangueira, a medida foi "completamente desarrazoada e ficará demonstrado que não houve qualquer ato ilícito praticado pelo deputado".

Marcus Vinícius Vasconcelos Ferreira (PTB) - deputado estadual

Neskau - Alerj/Divulgação - Alerj/Divulgação
Imagem: Alerj/Divulgação
 

Presidente regional do PTB no Rio, Ferreira foi eleito neste ano para seu terceiro mandato com 30.454 votos. Porém, ele foi acusado pelo Ministério Público Federal de receber ilegalmente R$ 50 mil para apoiar projetos e foi preso.

A assessoria do parlamentar disse que a medida surpreendeu o acusado. "[Ele recebeu a ordem de prisão temporária com muita indignação e estranheza, justo em um período de articulações políticas sobre a votação para a próxima composição da Presidência da Alerj – onde o deputado já havia se manifestado pelo voto a favor do deputado André Corrêa. No entanto, o parlamentar segue seu compromisso com a população de dar transparência a seu mandato, afirmando sua inocência e colaborando com todas as investigações, prestando todos os esclarecimentos à Polícia Federal, Ministério Público e Justiça", informou a assessoria.

Luiz Martins (PDT) - deputado estadual

Luiz Martins - Divulgação/Alerj - Divulgação/Alerj
Imagem: Divulgação/Alerj

Martins foi eleito para o terceiro mandato com 38.449 votos. Economista, ele foi presidente da Comissão de Defesa do Consumidor na segunda metade da gestão Cabral e relator da da CPI das armas em 2016. Segundo o Ministério Público Federal, o parlamentar receberia mensalmente o valor de R$ 80 mil, além de mais R$ 1,2 milhão para a campanha eleitoral em 2014. Ele foi preso e sua defesa não se manifestou sobre o caso.

Marcos Abrahão (Avante) - deputado estadual

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Imagem: Divulgação/Alerj

Líder da bancada, foi reeleito para o terceiro mandato como deputado estadual com 24.261 votos. Ele tentou por quatro vezes ser prefeito de Rio Bonito, mas não foi eleito. Antes de ser deputado, Abrahão era da Polícia Militar. Ele teria recebido R$ 80 mil por mês, além de R$ 1,5 milhão para a campanha eleitoral em 2014, segundo o MPF.

Abrahão foi preso e não se manifestou sobre o caso.

Coronel Jairo (Solidariedade) - deputado estadual

jairo - Divulgação/Alerj - Divulgação/Alerj
Imagem: Divulgação/Alerj

Eleito por quatro vezes deputado estadual, tentou a reeleição neste ano, mas não conseguiu. Foi presidente da Comissão de Segurança Pública e vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. Ele teria recebido o montante mensal de R$ 50 mil, além de ajuda financeira para campanha eleitoral, segundo o MPF. O deputado foi preso mas não se manifestou sobre o caso.

Marcelo Simão (PP) - deputado estadual

marcelo - Divulgação/Alerj - Divulgação/Alerj
Imagem: Divulgação/Alerj

Foi vereador em São João de Meriti e está em seu primeiro mandato como deputado estadual, mas não conseguiu a reeleição. É presidente de Comissão de Transporte e recebeu 26.552 votos na eleição deste ano. Ele teria recebido R$ 20 mil mensalmente em troca de apoio, segundo o MPF. Simão foi preso e não se manifestou sobre o caso.

Affonso  Monnerat (MDB) - secretário estadual

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Imagem: Ian Cheibub/folhapress

Secretário de estado do governador Luiz Fernando Pezão desde 2012, Monnerat foi chefe de gabinete do governo do Rio de Janeiro em 2016 e prefeito da cidade de Bom Jardim. 

Ele compõe a Comissão de Transição Governamental de Pezão para o governador eleito Wilson Witzel (PSC) e chegou a ser levado de forma coercitiva para depor na Operação Quinto do Ouro em abril de 2017.

Em 2012, o MPF-RJ propôs ação de improbidade administrativa contra Monnerat, então subsecretário extraordinário para a reconstrução da região serrana, por irregularidades na contratação de empresas para reconstrução de pontes destruídas na tragédia de janeiro de 2011, quando mais de 900 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas.

Monnerat aparece na planilha apreendida na fase ostensiva da operação Cadeia Velha como detentor de cinco postos de trabalho, inclusive no Detran-RJ, e foi citado em diálogo travado entre Aloysio Neves, então conselheiro do TCE-RJ, e André Vinícius Gomes da Silva, no qual se discute a possibilidade de obter a indicação a cargos no posto do Detran-RJ, em Magé, segundo a PF.  Ele também é alvo da operação que levou à prisão de Pezão e não se manifestou sobre o caso.

Conselheiros do TCE

Jonas Lopes de Carvalho, ex-presidente do TCE-RJ, delatou esquema de corrupção - Cris Torres/Divulgação/GovRJ - Cris Torres/Divulgação/GovRJ
Jonas Lopes de Carvalho, ex-presidente do TCE-RJ, delatou esquema de corrupção
Imagem: Cris Torres/Divulgação/GovRJ

Em abril de 2017, uma operação do Ministério Público Federal, batizada de Quinto do Ouro, resultou no afastamento de seis integrantes e um ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

Ela foi baseada em delações de executivos das construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht. Eles acusaram o ex-presidente do órgão, Jonas Lopes, de pedir propina em troca de aprovação de editais de obras. O suspeito então fechou um acordo de delação premiada que ajudou a implicar os demais suspeitos.

Vinícius Farah (MDB) - ex-presidente do Detran

vinicius farah - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Ex-presidente do Detran, Farah foi eleito deputado federal pelo MDB neste ano com 57.707 votos. Natural de Três Rios, foi vereador da cidade e depois prefeito por duas vezes. Conforme interceptação telefônica, ele teria sido indicado ao cargo pelo deputado estadual Jorge Picciani, com referendo do deputado estadual Paulo Melo e garantido a manutenção do esquema ilícito de distribuição de cargos no âmbito do Detran-RJ, segundo a Polícia Federal.

A defesa do acusado afirmou: "O sr. Vinicius Farah confia na Justiça e afirma que a situação será devidamente elucidada. Ele já se apresentou às autoridades em Brasília para os devidos esclarecimentos. Ele estava na cidade para agenda de trabalho", afirmou a defesa, através de nota oficial.

Leonardo Silva Jacob - ex-presidente do Detran

jacob - Divulgação/Governo do Rio/Paulo Vitor - Divulgação/Governo do Rio/Paulo Vitor
Imagem: Divulgação/Governo do Rio/Paulo Vitor

Leonardo Jacob (na foto está à esquerda) foi presidente do Detran e secretário de Governo e Planejamento em Três Rios durante a gestão de Vinícius Farah, seu antecessor na presidência do Detran. Jacob foi chefe de gabinete de Farah enquanto este exercia a presidência do Detran-RJ, substituindo-o em função do afastamento para concorrer ao cargo de deputado federal.

Segundo a investigação Furna da Onça, o acusado teria assumido o comando do Detran e contratado supostamente sem licitação a empresa Probid, sucessora dos serviços de terceirização de mão de obra prestados pelo Grupo Facility/Prol na autarquia. Ele também teria participado da operação que ajudou a manter o esquema de corrupção aos parlamentares e favorecimento de cargos no Detran. Ele foi preso e sua defesa não se manifestou sobre a acusação.

Claudio Lopes - ex-procurador-geral

O ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes foi preso por suspeita de participação no esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral. Sua gestão foi marcada por arquivamentos de processos ligados a Cabral. Sua defesa disse que tomará as medidas cabíveis.