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Palocci diz que filho de Lula recebeu propina durante negociação de MP

Felipe Amorim e Nathan Lopes

Do UOL, em Brasília e São Paulo

06/12/2018 10h57Atualizada em 06/12/2018 16h29

O ex-ministro Antonio Palocci disse, em depoimento nesta quinta-feira (6), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acertou pagamento de propina para seu filho Luís Cláudio Lula da Silva nas negociações envolvendo uma MP (Medida Provisória) que beneficiou montadoras.

Segundo Palocci, um esquema foi acertado para o pagamento de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões em propina a Luís Cláudio para a realização do torneio Touchdown, de futebol americano. A defesa de Lula nega as acusações e disse que o ex-ministro mente (leia mais abaixo).

São alvo da investigação realizada pelo MPF (Ministério Público Federal) na Operação Zelotes a edição de Medidas Provisórias nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (PT) que concederam benefícios fiscais a montadoras de veículos. As medidas foram editadas em 2009 e 2013.

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O ex-ministro deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba na semana passada para cumprir prisão domiciliar em regime semiaberto. Ele recebeu o benefício da Justiça devido ao seu acordo de delação premiada.

Palocci prestou depoimento como testemunha de acusação, chamada pelo MPF, na ação relativa à medida provisória de 2009. No processo, Lula foi denunciado por corrupção passiva.

O pagamento de propina envolvendo o filho de Lula relatado por Palocci se refere, porém, à medida provisória editada em 2013.

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Além de Lula, também são réus no processo o então chefe de gabinete do governo Gilberto Carvalho, os empresários Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do Grupo Caoa, e Paulo Ferraz Arantes, da MMC Automotores.

Segundo o MPF, a empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos, do lobista Mauro Marcondes Machado, representava os interesses da Caoa (Hyundai) e da MMC Automotores (Mitsubishi do Brasil) e teria ofertado R$ 6 milhões a Lula e Carvalho. O dinheiro seria para financiar campanhas do PT. Todos negam as acusações do MPF.

“Me foi relatado pelo ex-presidente Lula que ele havia tido entendimentos [para o pagamento de propina] com o seu Mauro Marcondes”, disse Palocci.

Palocci disse que, na renovação do benefício em 2013 já no governo Dilma Rousseff (PT), o esquema de propina teria se repetido.

Segundo Palocci, ele tomou conhecimento do esquema em conversa com Lula. O ex-ministro afirmou ter conversado com o ex-presidente após ser procurado por Luís Cláudio, entre o final de 2013 e o começo de 2014.

"Soube dos procedimentos [para pagamento de propina] porque o filho do presidente Lula, Luís Cláudio, me procurou pedindo ajuda para seu projeto de esportes. Não pude ajudá-lo naquela semana porque viajei ao exterior”, declarou Palocci.

O ex-ministro declarou que se encontrou com o ex-presidente no Instituto Lula em 2014 para tratar do assunto. “Procurei o ex-presidente Lula para relatar que ele [Luís Cláudio] havia me procurado para obter recursos. E o presidente Lula me falou: ‘Não precisa se preocupar que eu já arrumei esses recursos na renovação dos benefícios para Caoa e para Mitsubishi’”.

Lula, de acordo com Palocci, teria dito que a Caoa e a Mitsubishi dariam recursos a Mauro Marcondes, que faria o repasse a Luís Cláudio.

Segundo Palocci, apenas ele e Lula participaram do encontro e não houve testemunhas da conversa.

O ex-ministro afirmou que o relato de Lula sobre o suposto esquema foi feito na época da tramitação da medida provisória editada em 2013 e que o ex-presidente mencionou que procedimento semelhante teria ocorrido quando da edição da medida provisória de 2009.

"Ele [Lula] falou que procurou o Mauro Marcondes porque isso já havia ocorrido quando da outra ação, da [Medida Provisória] 471 [de 2009], por isso, que estou dizendo desse evento, eu só soube anos depois que se refere ao evento que estamos tratando porque o ex-presidente Lula me disse naquela ocasião que o mesmo tinha ocorrido na 471", disse Palocci.

Palocci mente para manter vantagens da delação, diz defesa de Lula

Em nota, a defesa de Lula disse que Palocci mentiu em seu depoimento e que o ex-ministro não é uma testemunha isenta pois precisa “manter as relevantes vantagens que obteve em sua delação”.

O texto diz ainda que Palocci declarou que teve conversas isoladas com Lula porque “suas afirmações são mentirosas e que por isso não poderão ser confirmadas por qualquer testemunha”.

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