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Após polêmicas com filhos, Bolsonaro cancela agenda para repousar

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira - Evaristo Sa/AFP
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira Imagem: Evaristo Sa/AFP

Eduardo Lucizano

Colaboração para o UOL, em Pirassununga (SP)

07/12/2018 11h20

Alegando recomendações médicas, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), surpreendeu e não compareceu a uma formatura da Academia da Força Aérea (AFA) marcada para a manhã desta sexta-feira (7), em Pirassununga (no interior de São Paulo), onde era esperado.

A ausência acontece após uma série de polêmicas envolvendo seus três filhos políticos nos últimos dois dias.

No Twitter, Bolsonaro disse que os médicos recomendaram repouso. “Em razão da extensa rotina e agenda nos últimos dias e poucas horas de sono, em conversa com a equipe médica que me acompanha, recebi recomendação expressa de, no dia de hoje, repousar”, escreveu. Ele ainda utiliza uma bolsa de colostomia (que armazena fezes) em decorrência da facada sofrida durante a campanha.

Por volta das 8h, Bolsonaro se reuniu com militares em uma Base Aérea de Brasília, onde tomou café da manhã. No voo de Brasília para o Rio de Janeiro, Bolsonaro relatou uma indisposição física às pessoas que o acompanhavam. De acordo com a assessoria do eleito, o mal-estar momentâneo aconteceu pela "administração errada de um medicamento". 

À espera do Bolsonaro na Academia da Força Aérea em Pirassununga (SP), o senador eleito Major Olímpio (PSL) disse que a decisão médica de recomendar repouso a Bolsonaro aconteceu por precaução. 

"Estava programado para ele vir [a Pirassununga], mas devido ao volume de horas que ele tem se dedicado a esta transição, de agendas, poucas horas dormidas, houve a recomendação médica para que ele repousasse durante o dia. Tem problema de saúde? Não tem problema de saúde, ele continua se reabilitando, não há nenhum quadro com agravamento da lesão que ele teve, estresse natural", afirmou.

Como presidente eleito, Bolsonaro faria a revista à tropa. "Lamento a ausência na cerimônia de declaração de novos aspirantes da Força Aérea Brasileira! Cumprimento os formandos e suas respectivas famílias e lhes desejo continuados êxitos e novas conquistas! Brasil acima de tudo; Deus acima de todos!", escreveu em seguida.

Movimentação atípica de ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de Fabrício José Carlos de Queiroz, um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

Nesta sexta-feira, foi revelado que a filha de Queiroz, Nathalia Melo de Queiroz, recebeu R$ 84 mil do pai. Até o mês passado, ele era assessora lotada no gabinete do próprio Jair Bolsonaro na Câmara.

Flávio Bolsonaro usou o Twitter nesta quinta para defender o ex-funcionário. "Fabricio Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança", escreveu o filho do presidente eleito.

Bate-boca na bancada eleita do PSL

O vazamento de conversas em um grupo de WhatsApp que reúne a bancada eleita do PSL revelou um bate-boca acalorado entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) e a deputada eleita Joice Hasselmann (SP) pela liderança do partido na Câmara e pela participa das articulações da formação do novo governo.

Nesta sexta-feira, no evento em que Bolsonaro não compareceu, o deputado federal e senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) disse que não existe racha da futura bancada do partido já que todos estão contra Hasselmann.

Nas mensagens, Eduardo revelou à bancada do PSL que comanda, com conhecimento de seu pai, uma articulação para evitar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da Câmara.

Filho critica pessoa próxima a Bolsonaro

Na quarta-feira (5), foi a vez do vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC) causar desconforto para seu pai.

Carlos, que cuidou das redes sociais do pai durante a campanha eleitoral, publicou em seu Twitter que o deputado eleito Julian Lemos (PSL-PB) estaria se "colocando como coordenador de Jair Bolsonaro no Nordeste", função que o filho disse que ele nunca teve.

Em seu Facebook, Lemos respondeu: "Na minha casa o que meu pai falava era respeitado. Um homem, quando está em paz, não quer guerra com ninguém".

Nesta sexta-feira, Bolsonaro parabenizou Carlos por seu aniversário e disse que "se enganam os que creem que irão nos separar". (*Colaborou Gabriel Sabóia, do UOL no Rio)