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Temer diz estar otimista com futuro do país: "Cumpri o meu papel"

10.dez.2018 - Presidente da República Michel Temer após cerimônia no Palácio do Planalto nesta segunda-feira - Cesar Itiberê/PR
10.dez.2018 - Presidente da República Michel Temer após cerimônia no Palácio do Planalto nesta segunda-feira Imagem: Cesar Itiberê/PR

Do UOL, em São Paulo

11/12/2018 01h44

O presidente Michel Temer disse estar otimista com o futuro do país a partir do próximo ano, quando será substituído no cargo por Jair Bolsonaro. "Tenho uma visão positiva. Quando assumi, peguei uma estrada esburacada e estou entregando uma estrada asfaltada, que vai permitir ao novo presidente caminhar mais tranquilamente. Fui colocado aqui pelas circunstâncias e cumpri o meu papel", afirmou em entrevista ao jornalista Fernando Gabeira exibida pela Globo News nesta segunda-feira (10).

Temer disse ainda não acreditar que o futuro presidente vá fazer na área econômica nada diferente do que vem sendo feito pelo atual governo. "Uma coisa é a campanha eleitoral, outra é o exercício da presidência. No campo econômico, não deverá haver mudanças", disse. 

Essa percepção foi compartilhada pelo presidente, segundo ele, a outros países no encontro dos BRICS que aconteceu durante o G20, realizado no início do mês em Buenos Aires. "Eu os tranquilizei com relação ao futuro do país". Com relação às reformas econômicas que pretendia fazer, o presidente lamentou não ter conseguido levar adiante as mudanças na Previdência.

Ele atribui essa dificuldade ao episódio em que foi gravado por Joesley Batista, em maio de 2017. "Naquela ocasião, já estava tudo aparelhado para a votação da reforma em dez dias, quando houve essa trama muito bem urdida contra mim. Atrapalhou a mim, mas mais do que isso, atrapalhou o Brasil. Tive uma resistência fenomenal. Eu soube resistir. O tempo é o senhor da razão e hoje as coisas estão vindo à luz", disse.

Momento político

Ainda com relação ao momento político do país, Temer disse considerar natural a mudança sinalizada pela população nas eleições. "Você lembra que, quando o PT chegou ao poder, houve esse mesmo sentimento. A renovação faz parte da democracia e não deve nos assustar. As teses podem ser contestadas, mas a renovação por si só não deve causar espanto". Ele criticou o sistema político do país. "É preciso uma revisão de todo o quadro político. Não se pode ter 35 partidos. Você acha que temos hoje partidos no país ou somente siglas partidárias? A revisão deveria ser de todo o sistema."

Temer comentou ainda o julgamento pelo STF do indulto que ele havia editado no fim do ano passado e que foi suspenso por liminar do ministro Luís Roberto Barroso. Segundo ele, a opinião pública teria sido influenciada por "notícias equivocadas" de que o decreto teria sido editado para beneficiar pessoas específicas. "Não houve inclusão de ninguém. A nossa intenção era somente amenizar o drama penitenciário do nosso país, em que a lotação é de três vezes maior que a capacidade. A intenção era liberar um pouco para aliviar o sistema".

No julgamento sobre o mérito da questão, a maioria do Supremo reconheceu, por 6 votos a 2, que Temer tinha a prerrogativa de edição do indulto, mas o resultado final não foi proclamado porque o ministro Luiz Fux pediu vistas do processo. "Fico feliz que agora o Supremo está reconhecendo essa questão. Mas vou esperar a decisão a decisão final para ver se haverá uma nova edição este ano", ponderou.