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"Em boa hora", diz Moro sobre decisão de Temer de extraditar Battisti

26.nov.2018 - Sergio Moro dá entrevista no CCBB - Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo
26.nov.2018 - Sergio Moro dá entrevista no CCBB Imagem: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

17/12/2018 17h33Atualizada em 17/12/2018 17h38

O ex-juiz federal e futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, elogiou nesta segunda-feira (17) a decisão do presidente Michel Temer (MDB) de autorizar a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti, na última sexta (14).

Moro disse ainda que a concessão de refúgio político ao italiano, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teve "motivações político-partidárias, e em boa hora isso foi revisto".

"Minha avaliação é muito simples: os países têm que cooperar entre eles contra a criminalidade. E o senhor Cesare Battisti foi condenado por homicídios na Itália. Itália é um país que tem o Judiciário forte, independente, e não cabe ao Brasil ficar avaliando o mérito ou não da condenação", respondeu Moro, em entrevista coletiva no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição, em Brasília.

Para Moro, não se pode tratar a cooperação jurídica internacional por critérios político-partidários e, por isso, a decisão de Temer foi acertada. "Lamentavelmente, essa pessoa [Battisti] se encontra foragida", comentou.

"Ele retornando à Itália, esperando que ele seja encontrado, cabe a ele levar as reclamações quanto à eventual injustiça da condenação para os órgãos de Justiça italianos que têm plenas condições de decidir qualquer problema que tenha havido eventualmente na condenação", declarou o ex-juiz, frisando que tratava da questão apenas de maneira hipotética.

Isso porque, segundo ele, as Cortes de Justiça italianas são "notórias pela sua independência". Responsável pelas ações da Operação Lava Jato no Paraná, Moro sempre citou a Operação Mani Pulite, a Mãos Limpas, realizada no país europeu, como fonte de inspiração para o combate à corrupção na Petrobras.

Sobre as tentativas até agora frustradas de localizar Battisti, ele disse que ainda não assumiu o ministério e, por isso, a questão ainda não está sob sua responsabilidade.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, que escolheu Moro para integrar o governo, também é favorável à extradição de Battisti, e na última sexta afirmou que o governo da Itália poderia contar com sua colaboração.