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"Chupa, Lula" e "Bolsonaro 171": diplomação de eleitos tem briga e baixaria

Guilherme Mazieiro e Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

18/12/2018 12h59Atualizada em 18/12/2018 14h40

Em clima de torcida organizada e hostilidade, a cerimônia de diplomação dos políticos eleitos por São Paulo, nesta terça-feira (18), foi marcada por provocações entre grupos ligados ao ex-presidente Lula (PT) e ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), com ápice da tensão na invasão e retirada de integrantes da Bancada Ativista -- coletivo de nove deputados eleitos pelo PSOL -- do palco.

A confusão teve início quando integrantes da bancada subiram ao palco para acompanhar a diplomação da deputada eleita Mônica Seixas, que representou o grupo nas urnas.

Deputados eleitos pelo PSL, como Douglas Garcia (estadual) e Alexandre Frota (federal), reagiram à presença do grupo. Os seguranças abordaram Jesus dos Santos, que erguia o braço em ato de protesto e integra o grupo eleito do PSOL.

Jesus dos Santos, que integra a Bancada Ativista, foi abordado por seguranças - Janaina Garcia/UOL - Janaina Garcia/UOL
Jesus dos Santos, que integra a Bancada Ativista, foi abordado por seguranças
Imagem: Janaina Garcia/UOL

Funcionários do cerimonial do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) informaram que a confusão pode ter começado porque o PSOL não comunicou previamente que o grupo subiria ao palco. O clima hostil, no entanto, havia começado minutos antes, com a diplomação de deputados do PT.

Ao ser anunciado, o deputado eleito Teonilho Barba foi aplaudido e vaiado ao fazer o "L" de Lula com a mão. Reeleito, o deputado estadual Enio Tatto fez o "L" e gritou "Lula Livre". Da plateia, além de aplausos, se ouviam gritos de "Bolsonaro 171" e "Bolsonaro, quero meu cheque", mesclados a gritos de "Mito" e "Chupa, Lula", em resposta aos petistas. Até vuvuzelas estavam entre os convidados na plateia.

Durante a confusão, os corredores da Sala São Paulo foram tomados por seguranças correndo que tentavam chegar ao palco e monitorar a entrada do auditório. Cerca de 10 técnicos do sistema de som estavam agrupados, esperando a situação se normalizar, ao lado da porta lateral esquerda que leva ao palco. Eles se perguntavam e questionavam jornalistas sobre o que tinha acontecido.

Jornalistas e assessores parlamentares tentaram se aproximar do palco. Neste momento, em nenhum dos corredores a reportagem foi abordada pela equipe de segurança ou organização do evento.

Após a entrada de policiais militares no palco e cerca de dez minutos de confusão, o clima amenizou para que a cerimônia fosse retomada com a diplomação dos deputados federais eleitos. Ao subir ao palco, o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL) foi saudado aos gritos de "Mito" e "Ustra" - referência ao coronel Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro, apontado pela Comissão Nacional da Verdade como um dos chefes da tortura no Doi-Codi, durante a ditadura militar (1964-1985).

O clima voltaria a esquentar na diplomação dos deputados federais eleitos pelo PT, que repetiram o gesto de "L" com os dedos. Gritos de "Lula livre" e "Lula ladrão" duelaram na plateia.

A vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em março no Rio junto do motorista Anderson Gomes, também foi lembrada na solenidade. Eleita deputada federal pelo PSOL, a vereadora Sâmia Bonfim ergueu uma placa com a mensagem "Justiça para Marielle e Anderson". Ao lado dos deputados reeleitos de seu partido Luiza Erundina e Ivan Valente, foram aplaudidos aos gritos de "Marielle presente".

 O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), também foi diplomado, mas não discursou.