"Se tivessem provas contra o Lula, não estaríamos aqui", diz Haddad

A dezenas de pessoas que se aglomeravam no centro de São Paulo nesta quinta-feira (7) em um ato a favor do ex-presidente Lula, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) disse que "se a Justiça tivesse trazido a público provas, não estaríamos aqui hoje".
Lula foi condenado pela segunda vez na operação Lava Jato na última quarta (6) e está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde de 7 de abril do ano passado.
Para Haddad, que perdeu a disputa presidencial contra Jair Bolsonaro (PSL), o ex-presidente não é tratado de forma isonômica pelos juízes. Ele argumenta que faltam provas contra Lula.
"Ninguém trouxe à tona uma mala de dinheiro, uma conta em algum paraíso fiscal, algo concreto, um ato dele que demonstrasse cabalmente que ele contrariou o interesse nacional. Lula teve seu sigilo quebrado sem autorização, foi conduzido coercivamente sem ter resistido a nenhum chamado da Justiça, está impedido de dar entrevistas até por escrito. Existe um direito para todo mundo e existe um direito para o Lula", disse Haddad.
O ex-prefeito disse que a Justiça começou a investigar Lula no final dos anos 1970, quando a ditadura ainda comandava o país, e o ex-presidente havia acabado de fundar o Partido dos Trabalhadores.
"Na verdade, o Lula é investigado há 40 anos", disse. "Se alguém cometeu um erro, tem de pagar. Sempre nos limites da lei. Não vimos isso no processo, e isso tem remédio. Vamos recorrer nacional e internacionalmente, porque queremos Justiça, e não injustiça."
Haddad, que deixou o ato poucos minutos depois de terminar seu discurso para ser patrono de uma turma da Universidade de São Paulo, argumentou ainda que a defesa da inocência de Lula é de interesse coletivo.
"Não podemos dissociar a luta do 'Lula Livre' da luta pelo estado de direito, não vamos arredar o pé. Lula para o prêmio Nobel da Paz!", disse o ex-prefeito.
Entre outras lideranças do Partido dos Trabalhadores que participavam do ato, o vereador Eduardo Suplicy disse que Lula "nunca aceitou nenhum benefício pessoal em função de seus atos como presidente da República". "O Supremo Tribunal Federal comprovará que ele não cometeu nenhum ato ilícito e ele obterá, portanto, sua liberdade para que haja uma pacificação do povo brasileiro", afirmou Suplicy.
A condenação
A juíza Gabriela Hardt, da Justiça Federal de Curitiba, condenou na última quarta (6) o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão no processo da Operação Lava Jato sobre obras realizadas por empreiteiras em um sítio de Atibaia (SP). Lula foi punido pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além de Lula, outros 10 réus também foram condenados.
Leia a íntegra da decisão da juíza.
O ex-presidente ainda foi condenado ao pagamento de R$ 423.152 e proibido de exercer cargo público ou integrar a direção de empresas pelos próximos 25 anos e 10 meses (dobro da pena de prisão).
A condenação ocorreu em primeira instância, e a defesa de Lula já informou que vai recorrer da sentença. Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins afirmou que o ex-presidente está sendo alvo de perseguição política e de "narrativas acusatórias referenciadas apenas por delatores generosamente beneficiados".Zanin
Martins também disse que a sentença "desconsiderou as provas de inocência apresentadas pela defesa de Lula nas 1.643 páginas das alegações finais protocoladas há menos de um mês".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.