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Ex-chefe de gabinete de Perillo é preso pela PF; Zé Eliton é alvo de buscas

Luiz Alberto Bambu (esq.) em reunião com o então presidente da Valec José Francisco das Neves (centro) e o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (dir,) em maio de 2011 em Brasília - Henrique Luiz - 11.mai.2011/Reprodução/Flickr/Marconi Perillo
Luiz Alberto Bambu (esq.) em reunião com o então presidente da Valec José Francisco das Neves (centro) e o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (dir,) em maio de 2011 em Brasília Imagem: Henrique Luiz - 11.mai.2011/Reprodução/Flickr/Marconi Perillo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

28/03/2019 07h52Atualizada em 28/03/2019 13h00

O ex-chefe de gabinete do ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) foi preso pela PF (Polícia Federal) hoje. Ele é um dos alvos da Operação Decantação 2, que investiga fraude em licitações e desvio de cerca de R$ 4,5 milhões na Saneago (Companhia Saneamento de Goiás). Além de Luiz Alberto de Oliveira, conhecido como Luiz Alberto Bambu, outras quatro pessoas foram presas.

A operação também teve mandado de busca e apreensão contra o ex-governador Zé Eliton (PSDB), sucessor de Perillo no cargo.

Na casa da filha de Oliveira, que também foi presa hoje, foram encontradas uma mala com dinheiro vivo, armas e munição. No total, a PF encontrou R$ 800 mil na residência da filha e R$ 1 milhão em um carro de Oliveira.

28.mar.2019 - Agentes da Polícia Federal encontraram mala com dinheiro vivo durante o cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão - Divulgação/PF - Divulgação/PF
Agentes da Polícia Federal encontraram mala com dinheiro vivo durante o cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão
Imagem: Divulgação/PF

A defesa do ex-chefe de gabinete diz que os valores e as armas pertencem a Oliveira. Sobre o dinheiro, o advogado Pedro Márcio Mundim de Siqueira diz que ele foi informado na declaração de dinheiro. Já as armas estão todas registradas, segundo ele. O advogado ainda avalia as medidas judiciais a serem tomadas após a prisão, mas qualificou a operação como "exagerada".

Em nota, o advogado Tito Souza Amaral, que defende Eliton, disse que "não existem fatos ou elementos nesta investigação que coloquem em suspeita a lisura" de seu cliente. "Não há nenhum indício concreto de seu envolvimento nos fatos em apuração". A PF apreendeu um computador pessoal do ex-governador.

O esquema, segundo a PF (Polícia Federal), teria acontecido entre 2012 e 2016, período em que Eliton era vice-governador. Ele assumiu o governo em abril do ano passado, ocupando o lugar de Perillo, que deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado.

Eliton tentou a reeleição, mas foi derrotado em primeiro turno por Ronaldo Caiado (DEM).

A primeira etapa da Operação Decantação havia acontecido em agosto de 2016.

28.mar.2019 - Agentes da Polícia Federal apreenderam cerca de R$ 1 milhão em carro de Luiz Alberto Bambu - Divulgação/PF - Divulgação/PF
Agentes da Polícia Federal apreenderam cerca de R$ 1 milhão em carro de Luiz Alberto Bambu
Imagem: Divulgação/PF

Empresas beneficiadas

Os investigadores apontam que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos com a Saneago. Elas teriam problemas, como impedimentos fiscais ou não ter condições de prestar serviços, "o que indica direcionamento de licitação", segundo a PF.

Zé Eliton, ex-governador de Goiás - Divulgação - Divulgação
Zé Eliton, ex-governador de Goiás, foi alvo de mandado de busca e apreensão
Imagem: Divulgação

Parte dos recursos envolvidos no esquema era repassada para Oliveira, chefe de gabinete de Perillo, diz a investigação. Já Eliton "teria utilizado, por diversas vezes, uma aeronave de propriedade de uma das empresas beneficiadas pelos contratos".

A investigação indica a suspeita de uso das empresas para lavagem de dinheiro. Ela estaria ligada à transferência de valores que somam R$ 28 milhões entre o chefe de gabinete de Perillo e a conta de uma das empresas.

Os mandados foram autorizados pelo juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara Federal de Goiás. As prisões são temporárias, com validade de cinco dias.

A Justiça ainda determinou o sequestro de 65 imóveis. Juntos, eles valem cerca de R$ 35 milhões. Também foi determinado o afastamento da função pública de dois servidores da Saneago.

Em nota, a Saneago informou que "a atual gestão da empresa tem priorizado a implantação das melhores práticas de governança e compliance, para garantir a lisura em todos os processos da companhia", e que continua "prestando toda a colaboração necessária às investigações".

Armas e munição também foram encontradas pela PF durante o cumprimento de mandados da Operação Decantação 2 - Divulgação/PF - Divulgação/PF
Armas e munição também foram encontradas pela PF durante o cumprimento de mandados da Operação Decantação 2
Imagem: Divulgação/PF