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Evangélicos pedem paciência com Bolsonaro em congresso em Santa Catarina

Alisson Henrique Cantagalo Ponci, 21, no congresso em Camboriú (SC) - Vinicius Konchinski/UOL
Alisson Henrique Cantagalo Ponci, 21, no congresso em Camboriú (SC) Imagem: Vinicius Konchinski/UOL

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Camboriú (SC)

02/05/2019 19h58

Jair Bolsonaro (PSL) iniciou seu quinto mês como presidente da República. Pesquisas de opinião apontam que capitão reformado já perdeu parte da boa avaliação que tinha ao chegar ao Palácio do Planalto. A faixa em que menos esvaziou seu apoio foi entre os eleitores mais fiéis: os evangélicos.

Um reflexo da manutenção dessa base está no 37º Congresso Internacional dos Gideões Missionários, em Camboriú (SC). Bolsonaro esteve hoje no evento, promovido pela Assembleia de Deus e que tem como objetivo divulgar missões de evangelização da igreja. A presença dele levou 5.000 pessoas a um ginásio da cidade --e muitos ainda não puderam entrar.

Os participantes entrevistados pelo UOL dizem que é preciso ter paciência com o novo presidente. A maior parte dos presentes é evangélico e votou em Bolsonaro. Questionados pelo UOL, não se dizem completamente satisfeitos com o início do governo. Contudo, afirmam que o presidente tem feito o que pode e que precisa de tempo para que suas ideias deem resultado.

"Ele foi colocado ali [na Presidência] pela mão de Deus. Mas é presidente pela primeira vez", ponderou o aposentado José Maria Humberto Rodrigo, 67. "O projeto dele é bom, mas ninguém faz nada sozinho, não é? Temos que esperar."

Rodrigo mora em Balneário Camboriú. É evangélico e disse que esteve em quase todas as edições anteriores do Congresso dos Gideões. O aposentado já votou no passado no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hoje, diz que Bolsonaro é o melhor para comandar o país.

Aposentado - Vinicius Konchinski/UOL - Vinicius Konchinski/UOL
José Maria Humberto Rodrigo, 67, durante congresso evangélico
Imagem: Vinicius Konchinski/UOL

A farmacêutica Aline Galvão de Melo Ferreira, 26, de Manaus, também apoia o presidente. Ela disse que votou em Bolsonaro justamente porque acha que seu programa de governo está mais alinhado com os princípios cristãos.

Para ela, o presidente estabeleceu e cumpriu metas fixadas para os seus primeiros cem dias de governo, e isso é bom. Ela disse também que o presidente tem posições claras, mesmo sobre temas polêmicos. Isso o torna mais confiável.

"Ele diz claramente que é a favor da liberação das armas", afirmou ela. "Eu, pessoalmente, sou contra as armas. Mas acho bom que ele tenha uma posição."

Aline - Vinicius Konchinski/UOL - Vinicius Konchinski/UOL
A farmacêutica Aline Galvão de Melo Ferreira, 26
Imagem: Vinicius Konchinski/UOL

Educação e Previdência geram críticas

Apesar do apoio quase que total dos evangélicos presentes no Congresso dos Gideões, alguns projetos do governo Bolsonaro receberam críticas.

Alisson Henrique Cantagali Ponci, 21, não gostou da ideia de o governo cortar investimentos em faculdades de filosofia e sociologia. Ponci mora em Sarandi (PR). É tesoureiro do PSL, partido de Bolsonaro, em sua cidade. Para ele, porém, o ensino de ciências humanas é fundamental. "Esse corte não tem explicação. Todo ensino é importante", disse.

Ponci também disse o projeto de reforma da Previdência de Bolsonaro precisa de ajustes. Ele afirmou ser favorável à proposta, mas que ela precisa ser melhorada. "Hoje, posso dizer que ela é mediana. Se fosse boa, não gerava tanta crítica", afirmou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.