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Bolsonaro nega que haja dinheiro sujo nos negócios de Flávio com imóveis

Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

01/06/2019 15h35Atualizada em 01/06/2019 22h43

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em entrevista ao jornal argentino La Nacion, que não houve enriquecimento ilícito de seu filho Flávio Bolsonaro (senador pelo PSL-RJ) na comercialização de imóveis no Rio de Janeiro. De acordo com o presidente, a diferença entre os valores de compra e venda realizados pelo filho se justifica por operações de troca de financiamentos caros por outros mais baratos, o que "aqui [no Brasil] é comum" e não tem "nada de anormal". "Não há nenhum dinheiro sujo", disse.

Bolsonaro voltou a dizer que se o filho "fez algo de mal, tem que pagar", embora reafirme acreditar em sua inocência. Acrescentou, porém, que se sente decepcionado com o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, e disse que ele "tem coisas a explicar".

Bolsonaro falou ao La Nacion em entrevista publicada neste sábado, às vésperas de sua visita ao país e ao presidente Mauricio Macri, prevista para a próxima quarta. Também rebateu as acusações de ligação de sua família com milícias, dizendo que sempre foram muito próximos de militares e polícias no Rio de Janeiro, e que "pode suceder que alguns se desvirtuem".

Flávio Bolsonaro é investigado por ter lucrado com a venda de imóveis, entre 2010 e 2017, em valores e margens de valorização superiores à média do mercado naquele período. Tanto Flávio quanto Queiroz tiveram a quebra de seus sigilos bancários solicitadas pela Justiça do Rio após suspeitas de movimentações atípicas.

Troca de dívida justifica diferença de valores

"Aqui é comum pagar o imóvel na planta e ir pagando à construtora", diz Bolsonaro ao La Nacion, quando perguntado sobre as acusações de que seu filho teria lavado dinheiro nas operações que realizou com imóveis.

"Quando se recebe a confirmação de habitação, a Caixa Econômica busca as pessoas que foram boas pagadoras, compra a dívida e toma o imóvel para prestações um pouco menores. Nada de anormal. Não há nenhum dinheiro sujo, foi para transferir a dívida de um imóvel para o outro."

Bolsonaro voltou a dizer que o filho tem que responder caso tenha feito algo errado. "Por que interessa atacar meu filho? Me desgasta, não há dúvidas de que me desgasta", disse. "Mas meu filho responde por seus atos e está pronto para dar explicações. Até hoje não foi convocado."

No início do ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro convidou o senador Flávio Bolsonaro a esclarecer as movimentações bancárias com Queiroz, mas Flávio não compareceu. À época, ele justificou a ausência pelo fato de não ter tido acesso aos documentos de acusação.

"Vínculo com milicianos é absurdo"

Perguntado sobre as ligações de sua família com integrantes das milícias, incluindo um dos acusados pela morte da vereadora Marielle Franco e parentes de um dos possíveis chefes do movimento no Rio, Bolsonaro afirmou que "dizer que minha família tem vínculos com milicianos é absurdo".

De acordo com o presidente, o que pode acontecer são antigos conhecidos do meio militar terem se desvirtuado depois. "Ele [Flávio] sempre votou em defesa dos militares e das polícias do Rio de Janeiro. Eu também empreguei policiais no passado, e tenho fotos com milhares de policiais. Pode acontecer que algum se desvirtue, e depois aparece uma foto que o ligue àquela pessoa", disse.

"Quando os milicianos começaram a aparecer no Rio, ele tinha apoio popular, porque moralizavam a religião, depois se desvirtuaram, vendendo serviços de TV a cabo, gás", afirmou.

Quebra de sigilo

A Justiça do Rio autorizou a quebra dos sigilos bancários e fiscais de 86 pessoas e nove empresas --entre elas, empresas que fizeram transações imobiliárias com Flávio e ex-funcionários de seu gabinete à época em que ele era deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

No pedido feito pelo Ministério Público do Rio, eles afirmam que há indícios de "organização criminosa" no gabinete de Flávio. A promotoria também investiga a prática dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro

Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações atípicas do ex- assessor de Flávio Fabrício Queiroz no valor de R$ 1,2 milhão referente a um período de 13 meses, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. Também foram identificados depósitos na conta de Queiroz de funcionários e ex-funcionários do gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), onde atuou como deputado estadual.

Flávio nega ter praticado irregularidades e aponta a existência de uma campanha contra ele para atingir o governo de seu pai. Na semana passada, a defesa do senador foi à Justiça contra a decisão judicial que determinou as quebras de sigilo.

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