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Moro relatou convite de Bolsonaro antes da eleição, diz jornalista

Gabriel Sabóia e Igor Mello

Do UOL, no Rio

10/06/2019 17h23Atualizada em 10/06/2019 18h47

O jornalista norte-americano Glenn Greenwald afirmou que, em mensagens que ainda não divulgou, o então juiz federal Sergio Moro relatou convite de Jair Bolsonaro (PSL) para o Ministério da Justiça, do qual Moro hoje é titular, antes mesmo de vencer a eleição.

Greenwald é cofundador do site The Intercept Brasil e um dos autores das reportagens que publicaram conversas de integrantes da Lava Jato no Paraná no Telegram -- um aplicativo de mensagens. Ele diz que ainda há mais conteúdo a ser divulgado.

"Temos conversas que ainda não reportamos sobre Moro estar pensando [antes da eleição] na possibilidade de aceitar uma oferta do Bolsonaro, caso ele ganhasse. Isso foi antes da eleição, acho que depois do primeiro turno", afirmou Greenwald ao UOL, sem revelar a identidade do interlocutor de Moro.

A informação não chega a ser uma novidade. No ano passado, ao aceitar o convite de Bolsonaro, em novembro, Moro disse que havia sido sondado por Paulo Guedes, agora ministro da Economia, em 23 de outubro --cinco dias antes do segundo turno.

Polêmica

O convite a Moro provocou divergências entre integrantes da Lava Jato em Curitiba. De acordo com o jornalista, mensagens no grupo dos procuradores mostra que alguns membros alertaram sobre as consequências negativas que a ida do ex-juiz para o Executivo poderia causar.

"E tem pessoas dentro da força-tarefa da Lava Jato, outros procuradores, falando que isso iria destruir a reputação da Lava Jato, porque iria criar uma percepção de que o tempo todo não foi uma apuração contra a corrupção, nem uma apuração do Judiciário. Mas uma apuração política para impedir a esquerda e empoderar a direita", relata o jornalista.

Em 1º de outubro, a seis dias do primeiro turno, Moro tornou público um anexo da delação premiada de Antonio Palloci, homem forte dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, com denúncias contra os governos petistas.

Em documento enviado ao CNJ, Moro negou ter agido para influir na disputa eleitoral.

"Todo mundo sabe que [Moro] fez isso para impedir o adversário principal do presidente de concorrer, e isso o ajudou a ganhar a eleição", completou Greenwald.