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Em meio a tensões na Previdência, novo ministro fala em criar pontes

4.jul.2019 - General Ramos abraça o presidente Bolsonaro ao tomar posse como ministro da Secretaria de Governo - MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
4.jul.2019 - General Ramos abraça o presidente Bolsonaro ao tomar posse como ministro da Secretaria de Governo Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

04/07/2019 12h50

Em meio às tensões sobre as votações da reforma da Previdência, o novo ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (PSL), Luiz Eduardo Ramos, disse que quer construir pontes com o Congresso. O general afastado do Exército será o responsável pela articulação política do governo, questão criticada por líderes no Parlamento.

"Não considero uma missão difícil. Eu quando era coronel falava para os deputados e senadores: meu nome é Ramos, se falar ao contrário é 'somar'. Eu aprendi isso durante o tempo de Congresso: construir pontes, soluções. Existem posições divergentes, não vou chamar nem de antagônicas, temos que sentar, debater, trocar ideias, de maneira que a gente chegue num denominador comum", afirmou após a posse.

Na Câmara, deputados tentam chegar a um acordo para aprovar o relatório da Previdência. Um impasse sobre a questão dos policiais ajudou a atrasar a votação na noite de ontem. A reunião da comissão especial foi retomada na manhã de hoje.

Em seu discurso, Ramos exaltou o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ainda que sua chegada esvazie as funções de articulação política do colega.

"Está tendo um jogo decisivo, eu não posso substituir o técnico no meio do jogo. O ministro Onyx está fazendo um trabalho muito bom, ele está à frente, eu vou cerrar a ele o que ele precisar. Eu fui formado para trabalhar em equipe", disse Ramos ao ser questionado se iria hoje à comissão especial.

Pela manhã Bolsonaro fez dois apelos públicos pela questão dos militares. Primeiro em um encontro com a bancada ruralista, depois na posse do ministro. Bolsonaro pediu empenho dos parlamentares para que a Previdência avance.

O esvaziamento das funções de Onyx levantou suspeitas entre aliados de que o ministro poderia ser demitido. Na última segunda-feira (1º), o porta-voz do governo, Otávio Rêgo Barros, descartou a possibilidade de demissão.

"Estou afastado" do Exército

Ontem, o presidente Bolsonaro acompanhou a troca de comando do Comando Militar Sudeste, que era chefiado por Ramos e agora está com o general Marcos Antonio Amaro dos Santos.

O ministro Ramos tem 63 anos, dos quais 46 vinculados ao Exército. Em 2016, foi vice-chefe de Estado-Maior do Exército. Posteriormente, foi promovido a general e assumiu o comando Militar do Sudeste.

Embora estivesse na ativa até o chamado para entrar no Ministério, Ramos afirmou que agora está totalmente afastado de suas funções militares.

"Ontem passei o comando, inclusive a imprensa estava lá, agradeci o carinho. Não podia emitir opinião em nada. Agora, é até bom que consigo esclarecer. Alguns órgãos de imprensa têm colocado como general da ativa. Não estou mais na ativa. Estou afastado. Para os senhores terem uma ideia, existe um grupo, eu fui retirado do grupo. Não participo mais das decisões do alto comando, não tomo as decisões. Estou afastado", afirmou ele.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.