Topo

Witzel diz que moradores de rua que usam drogas vão ser internados à força

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) - André Melo Andrade/Am Press & Images/Estadão Conteúdo
O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) Imagem: André Melo Andrade/Am Press & Images/Estadão Conteúdo

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

30/07/2019 15h48

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), defendeu na tarde de hoje que moradores de rua com problemas psiquiátricos ou dependência química sejam internados compulsoriamente. Ao comentar o caso de um morador de rua que matou duas pessoas no último domingo (28), o governador afirmou que o Estado encontra base jurídica para essas internações. Um plano em conjunto com a prefeitura da capital fluminense já estaria sendo elaborado para levar essas pessoas para abrigos, de acordo com ele.

"Não temos que ficar perguntando se querem ou não [ser internados]. As pessoas que estão na rua e não tem sua capacidade de autodeterminação, elas não podem decidir se vão ficar ou não na rua, elas vão ser recolhidas", disse Witzel, que complementou dizendo que "isto não se trata de nenhum tipo de limpeza".

Para implantar a medida, Witzel se apoia em uma lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) que autoriza que dependentes químicos sejam internados de forma involuntária. De acordo com a lei, as internações dependem de aval de um médico e podem ser pedidas por servidores dos órgãos integrantes do Sisnad (Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas). O texto foi publicado em julho, no Diário Oficial da União.

A lei sancionada por Bolsonaro, no entanto, gera controvérsias entre profissionais da área por questões éticas relativas à internação sem consentimento e por contar com as chamadas "comunidades terapêuticas", que costumam ser instituições de tratamento ligadas a organizações religiosas.

Witzel diz que teria dado "tiro na cabeça" de morador de rua

No último domingo, o morador de rua Plácido Correa de Moura, 44, atacou a facadas, na região da Lagoa, na zona sul da capital fluminense, o engenheiro João Carvalho Napoli, 35, que estava em um carro, parado no sinal, acompanhado da namorada, a bióloga Caroline Azevedo Moutinho, 29, que também foi ferida.

Napoli acabou morrendo e Caroline está internada em um hospital da zona sul. Ela não corre risco de morte. O educador físico Marcelo Henrique Correa Reais, 39, que foi ajudar o casal, também foi atacado a facadas e morto.

Quando isso aconteceu, no entanto, já havia policiais militares de três diferentes batalhões no local. Segundo informações da própria corporação, PMs do 23º BPM (Leblon), do 19º BPM (Copacabana) e também do BPTur (Batalhão de Turismo) participaram da ação.

Segundo o depoimento deles à Corregedoria de Polícia, "houve a utilização do taser [arma de eletrochoque], porém não sendo eficaz para neutralizar a ação do agressor. Sendo então ele atingido por dois disparos de arma de fogo nas pernas".

Além de Caroline Moutinho, que foi ferida pelo atacante, outras quatro pessoas foram feridas por tiros. Uma técnica de enfermagem dos Bombeiros, Girlane Sena, foi baleada no joelho. Um médico da corporação, Fábio Raia, foi atingido por estilhaços de bala. Um PM cuja identidade não foi divulgada também foi baleado, além do morador de rua, atingido nas pernas.

Apenas os policiais portavam armas de fogo. Apesar de ter aberto a sindicância para apurar se houve falha na ação, a PM informou que a "rápida chegada dos policiais militares evitou uma tragédia maior, pois o agressor, armado com uma faca e visivelmente transtornado, certamente atacaria outras pessoas".

Witzel parabenizou os PMs pela ação e disse que, se fosse policial, teria atirado "na cabeça" do morador de rua.

"Se eu tivesse no lugar do policial, teria dado um tiro na cabeça dele", disse o governador. "Mas o policial foi melhor do que eu imaginava. Ele atirou para neutralizar e tentar recuperar aquela pessoa. Parabéns à Polícia Militar", afirmou.