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"Todo brasileiro hoje é o 12º ministro do Supremo", diz Cármen Lúcia

A ministra Cármen Lúcia, do STF - Walterson Rosa/Estadão Conteúdo
A ministra Cármen Lúcia, do STF Imagem: Walterson Rosa/Estadão Conteúdo

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

05/08/2019 19h32Atualizada em 05/08/2019 20h01

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia fez brincadeiras na noite de hoje com o engajamento dos brasileiros com temas julgados pelos 11 ministros da Corte.

"Todo brasileiro, hoje, é o 12º ministro do Supremo, claro. Participa do julgamento, opina, fala", disse a ministra durante um evento da Fundação Estudar, em São Paulo. Ela estava em uma mesa ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para a ministra, na década de 1970, apenas os estudiosos do direito sabiam o que era a Constituição.

"Graças a Deus, o brasileiro hoje sabe o que é uma Constituição", disse, para em seguida corrigir a si mesma. "Graças a Deus, não --graças à televisão", afirmou, arrancando risadas dos presentes.

A ministra também brincou com o fato de ser reconhecida pelas ruas. "Hoje mesmo cheguei ao aeroporto, fui atrás de um táxi, e um taxista falou para o outro assim. 'Ô, ministra, a senhora vem comigo [já] que a senhora já foi duas vezes com ele'", relatou. "Eu achei ótimo, eu ser disputada por dois homens a essa altura do campeonato", disse.

Ela e Maia foram questionados sobre a participação dos jovens na política. Cármen Lúcia disse ter a "sorte" de conviver com jovens por ser professora de direito constitucional na PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).

"O jovem me diz o que ele acha para que eu não perca, em nenhum minuto, o pé no chão", afirmou.

Maia e Cármen Lúcia não quiseram falar com a imprensa nem na entrada nem na saída do evento. Eles responderam a perguntas sobre liderança e política por cerca de 40 minutos. Quem mediou a mesa foi José Frederico Lyra Netto, um dos coordenadores do movimento Acredito.

Sobre o tema, Maia disse que as manifestações da sociedade são legítimas, mas que hoje há pontos de vista "muito extremados".

"Esse é um problema que a gente tem no Brasil hoje. Tem um grupo de extrema-esquerda e outro de extrema-direita que simplesmente não querem ouvir", disse, ligando os grupos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

"Você põe uma vírgula no nome do Lula, as pessoas não querem ouvir. Você põe uma vírgula no nome do Bolsonaro, tem 10 ou 15% [dos brasileiros] que não querem ouvir", afirmou.

Maia então defendeu ser papel do parlamento "ter a capacidade de ouvir a todos e obter um ponto de equilíbrio", já que o Congresso, segundo ele, representa "o que tem de bom e de ruim" na sociedade brasileira.