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Onyx segue à frente da Previdência, mas fará dobradinha com ministro 'novo'

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/08/2019 04h01

Aprovada ontem à noite na Câmara e encaminhada ao Senado, a reforma da Previdência terá na articulação, nesta nova etapa, uma dobradinha: o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), seguirá no comando da articulação, mas dividirá a tarefa com o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

A vontade de Onyx, segundo relatos colhidos no Planalto, é se manter na estratégia, e colocar Ramos, empossado em julho, cada vez mais na parte "operacional" - ou seja, receber e ouvir parlamentares no gabinete.

Nomeado após a exoneração do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, Ramos ainda está se ambientando ao trabalho no Planalto. Nesta semana, porém, sua agenda se intensificou e ele já recebeu pelo menos 17 parlamentares.

Após reestruturações internas, o papel de Ramos é fazer a articulação política das matérias de interesse do governo, algo que ainda ocupa boa parte do tempo de Onyx.

No segundo turno da reforma na Câmara, junto à equipe econômica, Onyx negociou recursos com parlamentares governistas e do centrão para honrar promessas de pagamento de emendas.

Na terça (6), data da votação principal, Onyx passou praticamente todo o dia conversando com deputados na Câmara. Momentos antes da decisão em plenário, a Casa Civil enviou ao Congresso mensagem presidencial pedindo liberação de crédito extra de cerca de R$ 3 bilhões.

Já Ramos se reuniu com líderes do governo às vésperas da votação em segundo turno na Câmara, se encontrou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), entre outros políticos, e participou de lançamento de frente parlamentar.

O presidente Jair Bolsonaro dá posse ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, no Palácio do Planalto - Antonio Cruz - 4.jul.19/Agência Brasil  - Antonio Cruz - 4.jul.19/Agência Brasil
Observado por Onyx, Bolsonaro dá posse ao ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos
Imagem: Antonio Cruz - 4.jul.19/Agência Brasil

Comparação

Quando estava no comando da Secretaria de Governo, Santos Cruz também recebia políticos e se reunia com bancadas para discutir pautas do Planalto. Mas algumas atitudes mais proativas dele acabaram por gerar ciúmes em Onyx.

À época, o ministro-chefe da Casa Civil enfrentava o fogo-amigo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), com quem nunca teve boa relação, e críticas quanto ao trato difícil por parlamentares.

Um assessor ouvido pelo UOL diz que Ramos tem mais desenvoltura do que o antecessor para conversar com deputados e senadores embora precise aprender a ouvir e entender melhor as demandas. Por outro lado, está determinado a recebê-los mais vezes no gabinete até porque as atribuições da pasta diminuíram. O PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), por exemplo, foi transferido para a Casa Civil.

Como em qualquer governo, a articulação é fundamental para tocar uma reforma no Congresso e a avaliação é que o caminho será mais suave agora. Para auxiliar Ramos, o atual número dois da Secretaria de Relações Institucionais da pasta, Abel Ferreira Leite Neto, será promovido à chefia da divisão. Leite Neto já exerceu o mesmo cargo na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).

No Senado, a proposta da reforma da Previdência será analisada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) com relatoria de Tasso Jereissati (PSDB-CE). A reforma tem de ser aprovada por pelo menos 49 senadores em dois turnos de votação no plenário da Casa a fim de ser promulgada.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.