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Francischini, do PSL: "se tema é meio ambiente, eu dou uma esquerdada sim"

Felipe Francischini participou de entrevista do programa Pânico - Reprodução/Jovem Pan
Felipe Francischini participou de entrevista do programa Pânico Imagem: Reprodução/Jovem Pan

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/08/2019 17h00

O deputado federal Felipe Francischini (PSL-PR), presidente da CCJ na Câmara, foi o convidado do programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, nesta sexta-feira (23). Ao abordar a crise envolvendo as queimadas na Amazônia, Francischini, que também é Presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara) disse que é defensor do meio ambiente, mesmo que alguns rotulem como quem defende o tema seja de esquerda.

"Eu sou o cara que mais defende o meio ambiente, Amazônia. Eu sei que até a direita muita das vezes não gosta muito de quem fala sobre esse tema. Claro que a gente respeita, mas tem muita gente que acha que você está esquerdando. Se o tema é meio ambiente eu dou uma esquerdada, sim. Porque eu vejo que não vou deixar nada para próxima geração, meu neto não vai saber o que é uma floresta, uma onça pintada. Só digo que esse debate está para cima, porque na época do Lula, Temer, Dilma tinham as mesmas floresta e ninguém falava nada".

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), que também estava no programa, ressaltou que concordava com as falas de Francischini tirando a parte que fala que "deu uma esquerdada", pois considera que o tema não tem lado político. Francischini então explicou: "Eu não rotulo, mas tem gente que rotula".

Francischini ressaltou ainda que o governo tem que assumir a responsabilidade de solucionar essa questão. "A causa ninguém sabe, mas é unânime que quem tem que combater e tentar resolver o problema agora é o governo. Não é o governo que causou, mas é ele quem tem que tentar resolver. É esse esforço que temos que fazer lá. Eu sempre digo assim: o Bolsonaro compra muitas brigas, 90% estão corretas, porque é uma sacanagem o que fizeram com o nosso país, algumas são desproporcionais. Nesse caso, ele tem que fazer esse esforço para tentar resolver esse incêndio, colocar a Polícia Federal atrás desses caras que tão tacando fogo em floresta, matando onça pintada...".

Em outro momento da entrevista, o parlamentar aproveitou para criticar os governos estrangeiros que vem falando sobre a questão da Amazônia, como fez o presidente francês Emmanuel Macron, ontem. "A gente não pode ser pautado por estrangeiro também. Porque você pega uma evolução histórica, eles destruíram na Europa, grande parte dos Estados Unidos, toda vegetação, toda fauna e flora, acabaram com tudo, na Ásia também. E se desenvolveram, colocaram agroindústria. O Brasil estava em um processo mais lento. Aí chega um momento que agora eles acordam e falam que tem que defender o meio- ambiente porque a Amazônia é o pulmão do mundo. Eu acredito que a Amazônia é o pulmão do mundo e acho que tem que ser preservada a Amazônia. Tem que ser cadeia pra quem bota fogo, pra quem mata onça, pra quem mata bicho. Tem que ferrar com esses caras, mas também temos que pensar que o estrangeiro não ta pensando no nosso interesse".

Crítica construtiva ao governo Bolsonaro

Perguntando pelo jornalista Guga Noblat sobre possíveis erros do governo de Jair Bolsonaro nesses oito primeiros meses de mandato, Francischini ressaltou que o governo do presidente poderia melhor o diálogo com o Congresso Federal.

"O presidente Bolsonaro foi o primeiro a se eleger sem apoio de partidos políticos. Nas outras eleições como que aconteceu o processo? Você ganhava uma eleição com 10, 15, 20 partidos políticos te apoiando. O governo de transição era montado com esses partidos indicando os ministérios, e o começo da governabilidade no Congresso Nacional era muito fácil. Já o Bolsonaro fez diferente: ele se elegeu sem partido político, nosso partido mesmo [PSL] tinha apenas um deputado federal. Foi para 53. Esse processo é muito difícil. Uma crítica construtiva que eu faço é que falta diálogo do Governo com o Congresso na hora de enviar alguns projetos", disse.

"Não é um erro estratégico, mas é algo que poderia evitar debates que acabam manchando os projetos. A previdência foi um exemplo. No começo teve muito entrave por causa disso, se conversasse com o Congresso antes talvez tivesse evitado a narrativa de que o projeto era contra os aposentados mais pobres e tal... Acho que falta um pouquinho então dessa questão do diálogo, mas é uma questão de Governo que está começando. É natural e acho que vai ser corrigido", completou Francischini.