Bolsonaro está mais "conciliador" e Temer "operou impeachment", diz Maia
Wanderley Preite Sobrinho
Do UOL, em São Paulo
05/10/2019 13h41
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou hoje em São Paulo que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está "mais conciliador" na reta final de seu primeiro ano de mandato e que o ex-presidente Michel Temer (MDB) "operou" a derrubada de Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República. As declarações ocorreram em evento da revista Piauí na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado).
"É obvio que o Michel Temer operou o processo de impeachment da Dilma", afirmou Maia quando questionado sobre o papel do então vice-presidente no processo de impeachment. "Mas a Dilma ia cair de qualquer jeito", afirmou.
Maia tocou no assunto ao se defender da acusação de que foi "covarde" ao não trabalhar pelo impeachment de Temer quando este assumiu a presidência. "Não tive medo nenhum, ao contrário. Nove em cada 10 políticos comandariam o impeachment, mas fiz o contrário. As ambições pessoais não podem estar acima do cargo."
Maia aproveitou para elogiar o governo Temer, que "teve sorte por ter tido bons ministros, que ninguém dava nada por eles". "O governo do Michel fez muita coisa organizada, inclusive a agenda de reformas de Bolsonaro."
Sobre o atual presidente, Maia comentou a disputa de poder entre os dois. Disse que Bolsonaro começou seu mandato "radicalizado" porque estaria "estimulado pelo núcleo de rede social, indo para o confronto". Sua decisão, disse, foi derrubar algumas medidas do presidente porque "ele tinha na cabeça que podia governar por decreto".
"Fomos gerando os limites? Nos últimos meses, o presidente vem fazendo um discurso mais conciliador. Ele viu que em uma democracia ele não consegue governar sozinho. Precisa do Supremo, Congresso e instituições."
Ministro indiciado
Maia evitou criticar a decisão de Bolsonaro de manter no cargo o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento no caso dos laranjas do PSL. "A decisão de ficar no governo é dele ou do próprio presidente (?) Talvez o presidente esteja esperando a Justiça acatar ou não a denuncia para tomar uma decisão."
Ele disse, no entanto, que a lei que obriga a destinação de 30% dos recursos de campanha para candidaturas de mulheres "ainda vai dar muito problema em muitos partidos". "Não é fácil conseguir candidaturas de mulheres com voto. No Rio, eu concentrei os recursos em uma candidata à reeleição."