Moro faz reunião com Mourão um dia após ser esvaziado por Bolsonaro
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em Brasília
24/01/2020 10h41
Resumo da notícia
- Encontro acontece um dia após Bolsonaro falar que estudava separar o Ministério da Segurança Pública da pasta da Justiça
- Uma eventual divisão diminuiria a força do ministro Sergio Moro
- Hoje, Bolsonaro, que está na Índia, recuou e disse que a chance de isso correr é zero
- Mourão está como presidente em exercício
Um dia após ser esvaziado publicamente, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se reuniu hoje com o vice-presidente, Hamilton Mourão, que assumiu a chefia do Executivo por conta da viagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Índia. O ex-juiz da Lava Jato evitou a imprensa e não informou o motivo do encontro.
Mourão também não esclareceu o motivo pelo qual o presidente em exercício recebeu Moro fora da agenda. Segundo sua assessoria, tratou-se de uma visita de cortesia, mas eles também aproveitaram para conversar sobre a criação de uma força nacional ambiental contra o desmatamento.
Moro tem sido alvo de um processo de fritura por parte do presidente Bolsonaro. O mandatário sinalizou durante a semana que estudava recriar o Ministério da Segurança Pública e retirar a atribuição do Ministério da Justiça. A decisão representaria um golpe para o ex-magistrado, que só aceitou renunciar à carreira e se tornar ministro desde que tivesse autonomia para comandar órgãos como a Polícia Federal, por exemplo.
Na chegada à Índia, na manhã de hoje, Bolsonaro recuou e disse que, no momento, a chance de ocorrer uma separação ministerial entre Justiça e Segurança é "zero". No entanto, ele fez uma ressalva e ponderou que, em política, tudo pode mudar.
"A chance [de separara os ministérios] no momento é zero. Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã, política tudo muda. Não há essa intenção de dividir. Não há essa intenção."
Quando disse que estudaria a recriação, ontem, o presidente adiantou que Moro ficaria com a pasta da Justiça. Ressaltou estar ciente que o ministro seria contra a mudança. "Lógico que o Moro deve ser contra."
A possibilidade de separar Justiça e Segurança Pública pode ser mais um lance no embate quase sempre silencioso entre Bolsonaro e Moro, hoje com uma popularidade maior que a do chefe, segundo pesquisas de opinião pública, e considerado um potencial candidato na eleição presidencial de 2022.