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Ministros do Supremo veem risco de 'corporativismo' em lista para STF

Os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

05/02/2020 16h28Atualizada em 05/02/2020 23h01

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes afirmaram hoje ver risco de favorecimento ao corporativismo na proposta de implantar uma lista tríplice para a indicação de ministros do Supremo.

O Senado colocou entre suas prioridades para este ano a análise da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que institui mandato de 10 anos para os ministros do STF e também propõe que o presidente escolha os indicados para o tribunal entre os integrantes de uma lista tríplice.

Essa lista seria formada por um membro do poder Judiciário, indicado pelo próprio STF, um membro do Ministério Público, indicado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), e um jurista indicado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

"Eu, em princípio, sou contra listas, porque lista traz o corporativismo", disse Moraes. "Nós temos que evitar o corporativismo. O que garante a legitimidade do Supremo Tribunal Federal é essa diversidade de escolhas", disse o ministro.

O ministro também afirmou que a imposição de um mandato com duração fixa para os ministros não é adotado internacionalmente para tribunais que julgam casos concretos, como é o caso do STF, mas apenas para cortes que analisam somente questões constitucionais. No Brasil, o STF exerce as duas funções.

"Nenhuma corte jurisdicional, que decide casos concretos, principalmente penais, como o Supremo, nenhuma corte jurisdicional no mundo tem mandato. Mandato é para cortes constitucionais", disse o ministro.

Para Moraes, o método de escolha atual promove uma maior diversidade na composição da Corte, que terá integrantes indicados por diferentes presidentes.

"Nós temos que pensar: esse método garante o quê? Desde o início da República, o que garante essa forma de escolha hoje do Supremo? Garante que, com alternância presidencial, nunca uma Corte vai ter ministros que foram indicados só por um presidente", afirmou Moraes.

O método atual, ainda segundo Moraes, também favorece a diversidade ideológica entre os integrantes do Supremo.

"Na hora que você começa a prever listas, pode ser que não ocorra o que é mais importante na renovação de uma Suprema Corte, que é, nessa alternância, novos pensamentos surgirem", disse o ministro.

O ministro Gilmar Mendes também disse haver risco de corporativismo na escolha por lista tríplice e defendeu que a alteração na forma de escolha dos ministros do Supremo deve ser analisada com cautela.

"Um grave problemas hoje que nós temos é o viés corporativo nas listas", disse Mendes.

"Se está diante de um problema bastante complexo para o qual não se pode dar uma resposta simples", afirmou o ministro.

O STF é composto por 11 ministros. Hoje, eles exercem o cargo sem prazo determinado até o limite de 75 anos de idade, quando têm que se aposentar de forma obrigatória.

Entre os atuais integrantes da Corte, quatro foram indicados pela ex-presidente Dilma Rousseff e três pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os ex-presidentes Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney indicaram um ministro cada um entre os magistrados ainda em atuação no STF.

Errata: este conteúdo foi atualizado
No último parágrafo do texto faltou falar que Michel Temer indicou um ministro do STF (Alexandre de Moraes). A informação foi corrigida.