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Bolsonaro culpa demarcações de terras por falta de energia na Amazônia

Bolsonaro durante lançamento do programa Abrace o Marajó, em Brasilia - Claudio Reis/FramePhoto/FOLHAPRESS
Bolsonaro durante lançamento do programa Abrace o Marajó, em Brasilia Imagem: Claudio Reis/FramePhoto/FOLHAPRESS

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

03/03/2020 19h32

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou as demarcações de terras indígenas e de quilombolas como causa para a falta de energia elétrica em regiões da Amazônia. A afirmação foi feita na tarde de hoje, em cerimônia no Palácio do Planalto para lançar programa para tentar melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Ilha do Marajó, no Pará.

Bolsonaro disse que a população do Marajó "está sofrendo por conta da [falta] da construção do Linhão" de tramissão de energia elétrica. O presidente culpou governos passados por demarcar "grandes reservas" e uma "quantidade enorme" de áreas para populações tradicionais.

"Isso só não é uma realidade ainda porque, no passado, não tiveram responsabilidade quando demarcaram, à vontade e em favor de interesses internacionais, grandes reservas indígenas e uma quantidade enorme de quilombolas", reclamou.

O presidente garantiu que não vai "abandonar" índios e quilombolas mas que atuará "integrar" essas comunidades. "Estamos lutando contra isso, não para para abandonar os índios ou os quilombolas, mas para [os] integrar à sociedade."

Mesmo com ministros investigados, Bolsonaro volta a errar

Apesar de ter ministros e assessores réus na Justiça ou investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, Bolsonaro voltou a dizer que seu governo não tem denúncias de corrupção.

"Disse há pouco, na reunião de líderes: 'Que satisfação estar nesse governo onde [sic] toda semana temos boas notícias", onde [sic] passamos 14 meses sem uma acusação qualquer, uma denúncia qualquer sobre corrupção", afirmou ele. "Já é um recorde na história do Brasil."

Na verdade, estão na mira da Justiça: os ministros da Economia, Saúde, Turismo, Meio Ambiente e Cidadania (Onyx Lorenzoni, que ocupava a Casa Civil). Osmar Terra (MDB-RS), denunciado por improbidade, deixou o governo no mês passado.

O chefe da distribuição de verbas publicitárias e que trabalha no Planalto, Fábio Wajngarten, é investigado pela PF por suspeita de corrupção e desvio de dinheiro.

O filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), é investigado por lavagem de dinheiro em esquema de 'rachadinha', episódio em que um cheque de R$ 24 mil foi parar na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente disse que o dinheiro era para ele e seria derivado de um suposto empréstimo sem registro algum.

Réu na Justiça, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, chegou a ser mencionado no discurso de Bolsonaro hoje.

Ilha tem município com pior IDH do Brasil

A Ilha do Marajó, que é maior que países como Holanda e Suíça, possui o município com o pior IDH do Brasil: Melgaço. O programa "Abrace o Marajó" possui objetivos como melhorar a qualidade dos serviços públicos, ampliar o saneamento básico e e outros indicadores de educação, saúde, segurança e renda.

O governador do Pará, Hélder Barbosalho (MDB), lamentou que, apesar do tamanho, a Ilha do Marajó tivesse tantos problemas sociais. A região tem cerca de 600 mil habitantes. Barbalho diz que lá estão os "piores índices de desenvolvimento humano, coberturas de tratamento e saneamento básico, dificuldades primarias de serviços s esessenciais para a qualidade de vida da população."