Bolsonaro pediu troca na PF por "falta de empenho" no caso Adélio, diz Moro
Em depoimento prestado à PF (Polícia Federal), o ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse que Jair Bolsonaro (sem partido) teve acesso ao trabalho de investigação sobre o caso Adélio Bispo de Oliveira, preso por dar uma facada em Bolsonaro durante a campanha presidencial. Moro ainda disse que o presidente alegou uma "suposta falta de empenho" da PF para justificar a troca do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
"A Polícia Federal de Minas Gerais fez um amplo trabalho de investigação e isso foi mostrado ao Presidente ainda no primeiro semestre do ano de 2019, numa reunião ocorrida no Palácio do Planalto, com a presença do Declarante [Sergio Moro], do Diretor VALEIXO, do Superintendente de Minas Gerais e com delegados responsáveis pelo caso", disse Moro no depoimento.
Segundo Moro, na ocasião, Bolsonaro "não apresentou qualquer contrariedade em relação ao que lhe foi apresentado". O ex-juiz da Lava Jato disse que a apresentação das informações foi feita porque entendeu que "não havia sigilo legal" no caso, por Bolsonaro ser vítima e por envolver a segurança nacional.
Moro deixou pasta em 24 de abril. Na ocasião convocou a imprensa para anunciar sua saída e fez diversas acusações contra Bolsonaro, entre elas de que o presidente queria ter acesso às informações sigilosas de investigações da PF.
No depoimento Moro ainda abordou o interesse do presidente em trocar o chefe da PF no Rio de Janeiro, a desautorização de Bolsonaro após Moro nomear uma conselheira e o processo de "fritura" do último diretor-geral da PF, Maurício Valeixo e o episódio do porteiro de seu condomínio na investigação da morte da vereadora Marielle Franco, entre outros temas.
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