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Atividades seguirão fechadas, dizem governadores após decreto de Bolsonaro

Jair Bolsonaro assinou hoje um decreto que inclui academias e salões de beleza na lista de serviços essenciais - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
Jair Bolsonaro assinou hoje um decreto que inclui academias e salões de beleza na lista de serviços essenciais Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

11/05/2020 21h29

Governadores de diversos estados anunciaram que pretendem ignorar o decreto do presidente Jair Bolsonaro que incluiu academias e salões de beleza como atividades essenciais em meio à pandemia do novo coronavírus no Brasil.

João Doria (PSDB), governador de São Paulo, divulgou no Twitter uma lista dos serviços que poderão funcionar no estado — e não incluiu nenhum dos dois. Dentre as atividades, estão indústrias, construção civil, comunicação social, segurança, abastecimento, saúde, determinados serviços gerais (que não incluem academias e nem salões de beleza), logística e alimentação.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ironizou o decreto: "O próximo decreto de Bolsonaro vai determinar que passeio de jet ski é atividade essencial?", questionou o governador no Twitter.

O petista Camilo Santana, governador do Ceará, também se manifestou e disse que o decreto presidencial não vai alterar as ordens em vigor no estado.

"Informo que, apesar do presidente baixar decreto considerando salões de beleza, barbearias e academias de ginástica como serviços essenciais, esse ato em NADA ALTERA o atual decreto estadual em vigor no Ceará, e devem permanecer fechados. Entendimento do Supremo Tribunal Federal", escreveu.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também se posicionou contra as novas diretrizes de Bolsonaro:

"Diante do decreto do Governo Federal, que considera salões de beleza, academias de ginástica e barbearias como serviços essenciais, reafirmo que aqui no Pará essas atividades permanecerão fechadas. A decisão é tomada com base no entendimento do STF", escreveu.

Mais cedo, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), já havia postado um vídeo em seu Twitter defendendo a continuidade das medidas restritivas:

"O momento é de cautela e muito cuidado. Apesar da fé e do pensamento positivo de que vamos passar por essa pandemia, não posso ignorar fatos que estão acontecendo no mundo todo. Países que tinham, praticamente, erradicado o novo coronavírus, hoje se deparam com novos casos."

O prefeito continuou: "Reforço que não é hora de afrouxar as regras do isolamento social e que ainda teremos dias difíceis. A luta deve continuar para ampliar a oferta de leitos, de atendimento nas UBSs de referência, mas nada será eficiente se não tivermos a colaboração das pessoas. Fiquem em casa!"

Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco, afirmou que em seu estado apenas os "serviços realmente essenciais" vão continuar funcionando: "Nosso objetivo é salvar vidas, não podemos aceitar nenhuma atitude que as coloque em risco. Portanto, aqui, só seguirão funcionando os serviços realmente essenciais, garantindo acesso a alimentos e medicamentos, por exemplo."

"As próximas semanas exigirão restrições ainda mais duras, não é razoável admitir o contrário. Academias, salões, barbearias continuarão fechados, até que superemos esta fase e seja possível iniciar a retomada gradual. O compromisso do nosso governo é proteger vidas."

A decisão de Bolsonaro foi publicada no Diário Oficial da União no momento em que o ministro da Saúde, Nelson Teich, dava entrevista coletiva no Planalto. Ele foi pego de surpresa com a notícia, dada por repórteres que estavam no evento, e afirmou que medidas como essa competem ao presidente e ao Ministério da Economia.

"Avaliamos o melhor fluxo que impeça as pessoas de se contaminarem e os requisitos que as exponham menos. Nossa tarefa é proteger as pessoas. Decidir sobre atividades essenciais é uma tarefa da economia", afirmou Teich.

A justificativa de Bolsonaro para o decreto é que as atividades liberadas hoje são essenciais por serem "higiene" e "vida", repetindo novamente que é preciso cuidar da questão da vida em paralelo com a economia.