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OPINIÃO

Trevisan: "É um pouco cedo para achar que tem condição de impeachment"

Do UOL, em São Paulo

24/05/2020 04h00

Os partidos de oposição protocolaram mais um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na mesma semana em que uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), encomendada pela XP Investimentos, mostrou o maior índice de reprovação do governo, com 50% de ruim ou péssimo, contra 25% de bom ou ótimo.

No podcast Baixo Clero #39, a jornalista Maria Carolina Trevisan afirma que, apesar dos números, ainda é cedo para considerar um processo de impeachment contra o presidente. Na opinião de Trevisan, a situação política de Bolsonaro pode se alterar devido às eleições municipais programadas para outubro deste ano, caso não ocorra um adiamento devido à pandemia do novo coronavírus.

"Eu acho importante considerar que ainda haverá eleições municipais e a Câmara se moverá em relação a isso, porque tem os apoios nos municípios. Vai ser uma eleição muito mais focada no digital, sem dúvida nenhuma, em relação às campanhas todas", diz Trevisan (disponível no arquivo acima a partir de 29:52).

"Mas depende se teremos eleições em outubro ou não, se o [Rodrigo] Maia vai continuar ou não à frente da Câmara... Ainda é um pouco cedo para acharmos que tem condição de impeachment nesse momento", completa a jornalista.

Diogo Schelp também destaca que a aprovação ao presidente está em queda, mas considera que o apoio de 25% é um número elevado para o afastamento do cargo, fazendo uma comparação com os índices de Michel Temer (MDB) quando deixou a presidência no fim de 2018.

"O processo de impeachment é um processo político, então o Bolsonaro ainda tem ali 25% de aprovação. É o menor índice de aprovação do governo dele, mas ainda é um índice alto. Para se ter uma ideia, o Michel Temer saiu do governo com o índice entre 7% e 8%, nessa faixa", diz Schelp.

O jornalista também ressalta a mudança de comportamento do presidente em reunião com os governadores na última quinta-feira, como um possível sinal de que ele tem percebido a perda de popularidade desde a saída do ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). Schelp também destaca que a distribuição de cargos para o centrão pode interferir no apoio a Bolsonaro.

"Essa questão do impeachment depende muito do apoio popular que o Bolsonaro pode ter. Agora, a base de Bolsonaro também está sendo confrontada com fatos como o de que ele indicou mensaleiros, políticos envolvidos no Mensalão, para a binacional de Itaipu, cargos diante de empresas com orçamentos bilionários. Como é que isso se reflete nesse eleitor do Bolsonaro? É preciso entender isso. De outro lado, ele faz isso porque precisa do apoio no Congresso. Nenhum caminho é bom para a popularidade dele, na minha opinião", afirma Schelp.

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