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Covid-19: Com apoio estrangeiro, carta de PSOL critica atuação de Bolsonaro

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 18h31

Parlamentares de diversos países assinaram uma carta conjunta com críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A iniciativa foi da bancada do PSOL no Congresso, responsável por divulgar hoje o documento.

No texto, de título "Jair Bolsonaro é uma ameaça ao Brasil e à saúde mundial", os signatários criticam os posicionamentos do presidente frente à pandemia do novo coronavírus, que colocariam outros países também em risco.

"A crise sanitária e econômica que sofre povo brasileiro, a tragédia de ser hoje o sexto país do mundo em número de mortes por coronavírus e o epicentro da pandemia na América Latina, não se deve a nenhuma 'fatalidade natural'. É o produto de uma política deliberada do seu Governo, do Presidente da República: Jair Bolsonaro. Um negacionista e autoritário, que desde a cadeira presidencial dirige uma verdadeira cruzada contra a ciência, atacando constantemente o isolamento social necessário para enfrentar a epidemia", diz o texto.

"Bolsonaro, juntamente com o lobby de um importante setor das elites brasileiras, defende 'a saúde dos mercados' em detrimento da saúde pública. Eles aproveitam a situação para fechar cada vez mais os espaços democráticos, aumentar o desmatamento da Amazônia, invadir e ameaçar as nações indígenas e deixá-las expostas ao vírus, atacar a educação, a cultura e a ciência, cortando os recursos necessários para a sua manutenção e desenvolvimento", completa.

O documento é assinado por representantes dos parlamentos do Mercosul (Parlasul) e da União Europeia, além de países como Argentina, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Suíça, Portugal, Áustria, Bélgica, Venezuela, Peru e México, entre outros. O texto foi apresentado à bancada progressista do Parlasul em 14 de maio.

Confira o texto na íntegra:

Jair Bolsonaro é uma ameaça ao Brasil e à saúde mundial

Esta carta é dirigida a todos aqueles e aquelas que defendem a humanidade para além das fronteiras. A pandemia da covid-19 ataca todos os seres humanos, sem distinção de nacionalidade, etnia ou classe social. Mas a grande maioria da população, aqueles que não fazem parte do 1% dos privilegiados, são infinitamente mais vulneráveis. Quase todos os governos do mundo tomaram medidas sanitárias, econômicas e políticas para enfrentar esta tragédia. Na ausência de uma vacina, o isolamento social é a principal resposta para preservar vidas.

No Brasil, não são realizados testes massivos e a subnotificação dos casos é alarmante. Por outro lado, o sistema de saúde está em colapso devido à falta de leitos, de unidades de cuidados intensivos, de material médico... Os profissionais de saúde, que estão na linha da frente na guerra contra o vírus, sofrem devido à falta de equipamento e trabalham jornadas exaustivas tentando salvar vidas. O número de pessoas infectadas e mortas entre eles é também preocupante.

Por outro lado, a ajuda emergencial de pouco mais de 100 dólares por mês durante três meses, para os setores mais vulneráveis, é paga tardiamente, de forma deficiente e faz com que as filas de espera nas agências bancárias sejam intermináveis para recebê-la.

A crise sanitária e econômica que sofre povo brasileiro, a tragédia de ser hoje o sexto país do mundo em número de mortes por coronavírus e o epicentro da pandemia na América Latina, não se deve a nenhuma "fatalidade natural". É o produto de uma política deliberada do seu Governo, do Presidente da República: Jair Bolsonaro. Um negacionista e autoritário, que desde a cadeira presidencial dirige uma verdadeira cruzada contra a ciência, atacando constantemente o isolamento social necessário para enfrentar a epidemia. Bolsonaro, juntamente com o lobby de um importante setor das elites brasileiras, defende "a saúde dos mercados" em detrimento da saúde pública. Eles aproveitam a situação para fechar cada vez mais os espaços democráticos, aumentar o desmatamento da Amazônia, invadir e ameaçar as nações indígenas e deixá-las expostas ao vírus, atacar a educação, a cultura e a ciência, cortando os recursos necessários para a sua manutenção e desenvolvimento.

A política e a postura de Bolsonaro são um risco à saúde nacional, mas também uma ameaça à saúde mundial. Vários países já começam a fazer uma espécie de "cerco sanitário" ao país, o que pode aprofundar ainda mais a crise. Por isso, entramos com o pedido de impeachment de Bolsonaro, são cerca de 30 pedidos de diversos setores que cada vez mais ganham apoio de artistas, intelectuais, movimentos sociais e personalidades. A cada declaração e ação Bolsonaro se isola política e institucionalmente, o que faz com que recrudesça sua base de extrema-direita e vá ainda mais em uma direção autoritária, contra a democracia e a Constituição brasileiras.

O editorial publicado em 7 de maio por uma das principais revistas científicas médicas do mundo, The Lancet, alerta "talvez a maior ameaça à resposta à Covid-19 no Brasil seja o seu presidente Jair Bolsonaro". E continua: "Bolsonaro precisa de mudar drasticamente o seu rumo ou terá de ser o próximo a sair".

Nós abaixo assinados, desde nossos países, denunciamos Jair Bolsonaro como genocida do seu povo, o mais criminoso dos chefes de Estado e um perigo à saúde mundial.

#ForaBolsonaro