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Schelp: Mourão escancara alinhamento antidemocrático ao falar de protestos

Do UOL, em São Paulo

05/06/2020 12h00

Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) chamou de "baderneiros" os participantes do ato realizado no último domingo e autointitulado pró-democracia. Mourão alertou para a possibilidade de essas manifestações terem o mesmo efeito dos atos que ocorreram em junho de 2013.

O podcast Baixo Clero #42 discute o posicionamento do vice-presidente e qual seria o futuro do Estado em um eventual impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido).

Os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan analisam que há um alinhamento ideológico entre Mourão e Bolsonaro —e que Mourão tem dois pesos aos analisar os atos, escancarando uma linha, aí sim, antidemocrática.

Para Diogo Schelp, o texto do vice-presidente serve para o cidadão conhecer o que de fato Mourão pensa sobre a realidade. "Claramente não é um artigo de um democrata. Falava-se muito que os protestos a favor de Bolsonaro são antidemocráticos, mas eu discordo. Como protestos são legítimos. As pessoas numa democracia podem até pedir uma ditadura. São protestos com uma agenda antidemocrática. E os protestos de domingo [de grupos pró-democracia] também não são antidemocráticos, como o Mourão insinuou no artigo dele" (disponível no vídeo acima a partir de 8:40).

No quadro Frigideira, Schelp diz que Mourão criticou um suposto vandalismo do ato pró-democracia, mas o vice-presidente não mencionou o episódio da apoiadora de Bolsonaro que, no mesmo dia, levou um taco de beisebol para a avenida Paulista.

"Ele [Mourão] é mais perigoso porque é infinitamente mais inteligente do que o Bolsonaro. Perigoso porque adota uma postura autoritária como essa de não reconhecer o direito de manifestação de quem é contra o governo", opinou o jornalista. (disponível no vídeo acima a partir de 30:40).

Já Trevisan indica para a "frigideira" o presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo. "Ele chamou os movimentos negros de 'escória maldita' e 'vagabundos' e ainda insultou o Zumbi dos Palmares, um símbolo super-importante do enfrentamento da escravidão, deturpando a função da Fundação Cultural Palmares de resguardar a história do povo brasileiro negro", comentou a jornalista.

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