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PF prende blogueiro bolsonarista em MS após suspeita de fuga do país

Oswaldo Eustáquio é investigado na Operação Lume da PF - Reprodução/YouTube
Oswaldo Eustáquio é investigado na Operação Lume da PF Imagem: Reprodução/YouTube

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

26/06/2020 12h59Atualizada em 26/06/2020 18h00

A Polícia Federal prendeu o blogueiro Oswaldo Eustáquio, que foi assessor da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, durante o governo de transição. A mulher dele segue trabalhando no ministério.

Eustáquio foi detido em Campo Grande (MS), na manhã de sexta-feira (26). Ele é investigado na Operação Lume, inquérito que apura financiamento e organização de atos antidemocráticos para a volta da ditadura militar e fechamento do Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).

A Polícia Federal localizou o ativista bolsonarista inicialmente em Ponta Porã (MS), na divisa com o Paraguai. Ele vinha sendo monitorado pois haveria perigo de ele deixar o país. Hoje, ele estava na capital do estado.

A reportagem não localizou Eustáquio nem seus advogados.

Há dois dias, Eustáquio fez uma transmissão ao vivo em que afirmou estar "aqui em Brasília". No entanto, segundo os investigadores, ele estava em Ponta Porã (MS), na divisa com o Paraguai.

Hoje, pela manhã, ele estava em Campo Grande (MS), de acordo com fontes da PF. No entanto, em rede social, afirmou hoje que estava no Paraguai.

Para os investigadores, Eustáquio estava usando táticas de contra-informação para não ser localizado e poder transitar à vontade ou, quem sabe, fugir. Por isso, os policiais solicitaram a prisão dele temendo risco de fuga.

Live de blogueiro foi retransmitida pelo presidente

O blogueiro apareceu em uma live com o ex-deputado condenado no mensalão Roberto Jefferson, quando o político defendeu que haveria uma tentativa de golpe contra Jair Bolsonaro (sem partido). A conversa ao vivo foi retransmitida pelas redes sociais do presidente.A esposa do blogueiro trabalha no governo Bolsonaro. Sandra Terena é secretária de Igualdade Racial do ministério comandado por Damares Alves.

Meses atrás, Eustáquio se apresentou à reportagem do UOL como ex-assessor da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. Ele deu a mesma informação a várias outras pessoas. A assessoria do ministério disse à reportagem que o blogueiro trabalhou no governo de transição. Eustáquio deixou o posto quando acabou o governo de transição.

Eustáquio defendeu, em suas redes sociais, a soltura da ativista de extrema-direita Sara Fernanda "Winter" Giromini. Ela e mais seis militantes do extinto "Acampamento dos 300" foram presos pela PF, mas soltos esta semana. Eles estão em suas casas monitorados por tornozeleiras eletrônicas e impedidos e manter contato com investigados no inquérito da Operação Lume.

Winter disse que detenção foi arbitrária

Hoje, Winter disse que o blogueiro foi preso "arbitrarimente". "É o oitavo preso político do Brasil", afirmou, em rede social.

O relator do inquérito da Operação Lume, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ordenou que as redes sociais informem os pagamentos feitos a vários perfis na internet, entre eles o de Eustáquio.

Após a detenção do blogueiro, uma pessoa com acesso à conta de Eustáquio, publicou, em primeira pessoa, que ele se tornou um "preso político".

O UOL telefonou para Eustáquio, mas ninguém atendeu. Não se sabe se seu aparelho de celular foi apreendido pela PF. A reportagem também tenta contato com familiares, assessores e advogados dele. Os esclarecimentos serão publicados se forem recebidos.