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Janaina Paschoal: 'Eduardo quer derrubar Bolsonaro para concorrer em 22'

Janaina Paschoal, Deputada Estadual de São Paulo na ALESP - Mariana Pekin/UOL
Janaina Paschoal, Deputada Estadual de São Paulo na ALESP Imagem: Mariana Pekin/UOL

Do UOL, em São Paulo

29/06/2020 11h08

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) acredita que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) quer derrubar seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para surgir como alternativa na eleição de 2022. Após deixar o apoio incondicional ao governo, a jurista afirmou que essa seria uma tática do parlamentar para driblar uma norma que impede que filhos sucedam seus pais em cargos do executivo.

"Cheguei a conversar sobre isso com o [ex-] ministro [Gustavo] Bebianno antes dele falecer. Passa na minha cabeça, e é louco, sei que é, que Eduardo quer derrubar o pai para poder se apresentar como alternativa em 22, com o discurso do golpe", afirmou a deputada em entrevista à Marie Clare.

Ela defendeu que Eduardo Bolsonaro é uma liderança forte da ala olavista do governo e tem conversado com líderes internacionais para se articular.

"O Eduardo tem muita influência sobre o [deputado estadual] Gil Diniz (PSL-SP), sobre o [deputado estadual] Douglas Garcia (PSL-SP). Sobre o Edson Salomão, que é chefe de gabinete do Douglas. Sobre a [deputada federal] Carla Zambelli (PSL-SP). Ele tem uma liderança sobre eles. Foi para o exterior, visitou líderes. Tudo isso me parece mais uma dinâmica que atende a Eduardo do que ao pai", explicou.

Na opinião de Janaina, a postura do parlamentar se aproxima do discurso usado pelo PT para apontar que a ex-presidente Dilma Rousseff foi vitima de golpe em seu processo de impeachment. "O discurso do golpe é um baita discurso para o PT e também está sendo usado pelos bolsonaristas desde o início do governo", disse a jurista que é autora de pedido que retirou Dilma da presidência.

"É um discurso que tende a uma candidatura em 22 que vai se mostrar como golpeada também. Um drama. Será que esse menino não está ajudando nesse processo de derrubada do pai?", perguntou a deputada. "'Olha aí, cercearam meu pai, que quase morreu pelo país', e aí ele aparece mais jovem, mais forte, numa versão atualizada do pai destruído pelo golpe? Eu ouso, né?", disse.

Crítica do governo Bolsonaro, Janaina ainda defende que o presidente renuncie ao cargo por acreditar que nenhum crime foi cometido no mandato. "E vou dizer o quê?! É muita loucura, muita confusão. Como o povo vai aguentar isso por mais dois anos? Como o povo vai aguentar isso no meio de uma pandemia e, depois, com as sequelas dela?", questionou.

Ela acusou Jair Bolsonaro de ser influenciado pelas teses de Olavo de Carvalho no governo, que seria liderada por Eduardo Bolsonaro — o que, em sua opinião, afastaria os ideais bolsonaristas. "O Eduardo [Bolsonaro]. A Sara [Winter], a própria deputada Carla [Zambelli]. Então, na verdade, não é um grupo bolsonarista", defendeu.

"É um grupo olavista que está usando o presidente para tentar se alavancar ou implementar uma pauta que não é dele, mas de Olavo. E o presidente? Não sei se não enxerga ou se é muito dominado pelos filhos. De repente tem aí uma dinâmica familiar, uma culpa que, como pai, ele tem que compensar", especulou.

Para a deputada, o grupo tem dificuldade de se livrar das "mágoas e dos ódios com o passado" e inclui o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub na lista. "Pega o [ex] ministro da Educação. Ele é um romântico que queria prender todo mundo, os criminosos; que quer aniquilar as esquerdas. Sofreu as perseguições que sofri — é professor universitário também. Então, acho que ele não digeriu, entendeu? E isso é péssimo, chegar ao poder sem digerir", falou.

"E isso não vai prejudicar os seus inimigos, vai te prejudicar. Eu vejo isso no presidente, nos filhos do presidente. E de maneira muito característica no ex-ministro da Educação", afirmou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.