Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) celebrizou-se por frases em que minimiza a pandemia, busca soluções em substâncias sem comprovação científica ou procura culpados em ministros, opositores e governadores e prefeitos — estes, por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), responsáveis pela adoção de medidas de restrição em seus territórios.
Não raro, o presidente também contraria as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde) provocando aglomerações e deixando de usar máscara ou manter distanciamento social em agendas públicas e em seu dia a dia. Após divulgar em 7 de julho ter recebido diagnóstico positivo para a covid-19, manteve-se isolado no Alvorada e seguiu propagandeando os efeitos curativos da cloroquina, contrariando respeitados estudos nacionais e internacionais que questionam sua eficácia.
Na tentativa de iniciar um novo ciclo de governo, tem feito agendas associadas a realizações e diminui o tom dos arroubos de subestimação de uma doença que avança agora para regiões ermas e segue tirando vidas por onde passa.
Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia." 17 de março: 291 casos oficiais e 1 morte
Após Rio de Janeiro e São Paulo decretarem "estado de emergência", o presidente deu entrevista à rádio Super Tupi.
Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria. Seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão." 24 de março: 2.201 casos oficiais e 46 mortes
Após dois exames terem tido diagnóstico negativo para a covid-19, o presidente fez um pronunciamento à nação em que criticou governadores e defendeu o fim do isolamento social.
Durante entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, o presidente atacou as medidas de isolamento social adotada pelos governadores, dizendo que levariam ao "caos social".
O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. È a vida, todos nós vamos morrer um dia." 29 de março: 4.256 casos oficiais e 136 mortes
Após visitar o comércio em Brasília e em cidades vizinhas contrariando o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro deu a declaração após o passeio.
Em entrevista ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, presidente mudou de tom um dia após defender a criação de um pacto nacional pela preservação da vida e dos empregos.
Em uma vídeoconferência com religiosos por ocasião da Páscoa, transmitida pela TV, o presidente afirmou que medidas de isolamento levariam ao aumento do desemprego.
Em frente ao Palácio do Planalto, o presidente interrompeu um jornalista que perguntava sobre o número de mortos por conta do novo coronavírus. O país havia contabilizado, apenas em um dia, dois mil casos e 113 vítimas.
No dia em que o Brasil ultrapassou a China em número de óbitos, o presidente arrancou gargalhadas de apoiadores ao responder a um jornalista em frente ao Alvorada.
Em tom de ironia, o presidente disse, diante do Alvorada, que iria convidar milhares de pessoas para um churrasco. Após a repercussão negativa da fala, que ocorreu às vésperas dos 10 mil óbitos, desistiu da ideia.
Ao anunciar que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, assinaria um novo protocolo que ampliaria as diretrizes de uso da cloroquina, o presidente fez piada. Não há estudos científicos conclusivos que atestem a eficácia da substância no tratamento da infecção pelo novo coronavírus.
Jair Bolsonaro mostra caixa de cloroquina para as emas do lado de fora do Palácio da Alvorada
Ao ser questionado no cercadinho da Alvorada sobre o crescimento no número de casos no país, o presidente jogou a responsabilidade na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu a estados e municípios o poder de decisão sobre medidas de enfrentamento à pandemia.
Jair Bolsonaro causa aglomeração na chegada a Bagé (RS)
Durante transmissão em suas redes sociais, o presidente afirmou que está tomando antibióticos em decorrência de uma infecção após diagnóstico de covid-19.
Eu estou no grupo de risco. Agora, eu nunca negligenciei. Eu sabia que um dia ia pegar. Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta! (...) Lamento. Lamento as mortes. Morre gente todos os dias de uma série de causas. É a vida, é a vida." 31 de julho: 2.662.485 casos oficiais e 92.475 mortes
Durante visita a Bagé, no Rio Grande do Sul, mostrou caixa de cloroquina a apoiadores e causou aglomerações.
Em transmissão ao vivo nas suas redes sociais, Bolsonaro fez piadas com o ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello e o constrangeu perguntando se ele era casado. Depois, deu declaração que ganhou as manchetes, reforçando seu pensamento de que a pandemia é pauta secundária:
Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no primeiro parágrafo, STF é a sigla para Supremo Tribunal Federal, e não Superior Tribunal Federal. O texto foi corrigido.
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