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Lula diz que Dallagnol usou doença de filha para se esconder: 'Fujão'

"Ele não merece um milímetro de respeito, é um fujão", disse Lula sobre Dallagnol - Reprodução/Twitter
"Ele não merece um milímetro de respeito, é um fujão', disse Lula sobre Dallagnol Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

04/09/2020 12h34Atualizada em 04/09/2020 14h07

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã de hoje que o procurador da República Deltan Dallagnol usou a doença da filha para se esconder e "justificar a saída" do comando da Força Tarefa da Lava Jato de Curitiba.

"Eu acho que o Dallagnol se esconder atrás da doença da filha dele para justificar a saída... se ela estiver doente que Deus a ajude, porque eu tenho por ela o respeito que ele não teve pelo meu neto que morreu com 6 anos de idade", afirmou Lula em uma entrevista concedida à Revista Fórum.

Quero que ele saiba disso, mas ele não merece um milímetro de respeito, é um fujão. Ele percebeu que ele mentiu e ele estava formando quase uma quadrilha
Lula, sobre Deltan Dallagnol

Na última segunda-feira, Dallagnol anunciou que estava se afastando da Força Tarefa da Lava Jato por motivos familiares - uma doença da filha.

Fake news

Lula também condenou o uso de fake news na política, inclusive por parte da esquerda. "A esquerda não pode pensar de combater a política de fake news fazendo fake news", disse, sem citar exemplos de um lado nem de outo.

Além disso, o ex-presidente criticou a postura do STF (Supremo Tribunal Federal) por uma suposta parcialidade na condução de alguns processos.

"Quando a denúncia foi contra um membro da Suprema Corte [inquérito das fake news], eles agiram rápido. Eles deveriam agir rápido em todos os momentos. Quando o PT fez a denúncia [de uso de fake news na campanha eleitoral de 2018] por meio do companheiro Haddad, eles deveria ter tido a mesma pressa que tiveram quando atacaram alguém da suprema corte", enfatizou, Lula.

O petista afirmou ainda que está mais que provado "por denúncias e delações de empresários" que o "gabinete das fake news fica no palácio do Planalto".

Esse país não pode continuar sendo um país que tem um código penal para a direita e um para esquerda. Tá mais que visível que tem um código penal só para o Lula

Candidaturas do PT nas capitais

O ex-presidente também falou sobre as eleições 2020 e as candidaturas petistas nas principais capitais brasileiras. Lula disse ser a favor de frentes amplas de esquerda na disputa pelas prefeituras.

"A gente não pode permitir que o individualismo supere os interesses coletivos para as cidades", disse.

Lula defendeu, porém sem muito entusiasmo, a candidatura de Jilmar Tatto à prefeitura de São Paulo. "Eu gostaria que tivesse uma aliança política. Agora é o seguinte: o PT teve uma prévia, a prévia teve resultado e o companheiro Jimar Tatto é o nosso candidato [...] Se o Jilmar Tatto não ganhar, fica a lição", afirmou.

'Gostaria de ser cabo eleitoral'

Sobre as eleições de 2022, Lula disse que não tem interesse em ser candidato. "Gostaria de trabalhar como cabo eleitoral", afirmou.

"Além do PT, você tem um PSB que pode querer ter candidato, tem o PcdoB com Flavio Dino, que pode querer ser candidato, você tem o Ciro Gomes [...] Eles estão qualificados. Eu só não posso dizer que o Haddad não está, que os nossos governadores não estão", disse, defendendo possíveis candidaturas petistas.

Mas isso não significa que ele desistiria de ser candidato: "Se chegar na hora, eu estiver saudável, forte e bonito (risos) e alguém me convença a ser candidato", brincou, deixando uma possível candidatura no ar.

Críticas a Bolsonaro e a Maia

Lula não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo ele, o atual presidente "colocou o rabo entre as penas por causa do [Fabrício] Queiroz, por causa dos filhos dele", disse.

"Ele teve a chance de se humanizar na pandemia, mas preferiu continuar mentindo, falando sobre a cloroquina. Ele não tem respeito pelas pessoas que foram vitimadas, ele não tem dó que nesse país são quase 130 mil mortos", falou.

Lula afirmou que não acredita em um possível impeachment de Bolsonaro e criticou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) por não ter colocado os pedidos em votação.

"O Bolsonaro está durando e está aprendendo a fazer política, que é o que ele dizia que não queria ser, político. Quando o calo apertou, ele teve que buscar o centrão", disse.