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Trevisan: Fragilizada, Lava Jato tenta se fortalecer às vésperas da eleição

Do UOL, em São Paulo

11/09/2020 04h00

Em um momento em que a Lava Jato se encontra fragilizada com a saída e a punição do então coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol, somada a diversos questionamentos públicos e à saída conjunta dos procuradores da força-tarefa em São Paulo, novas operações tentam restabelecer seu protagonismo, agora no Rio de Janeiro. A ação teve entre seus alvos a Prefeitura do Rio de Janeiro e o próprio prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), às vésperas das eleições municipais.

O prefeito, que teve seus endereços investigados e o celular apreendido, classificou a operação como "injustificada" e suspeita porque aconteceu perto do início da campanha eleitoral para o município.

No podcast Baixo Clero #56, a jornalista Carolina Trevisan questiona a condução das ações e o o momento em que ocorrem, a dois meses das eleições municipais.

"A Lava Jato está num momento crítico. Dallagnol saiu, sofreu sanções, foi criticado pelos abusos. Em São Paulo, a força-tarefa pediu demissão em massa. E aí aparece o juiz Marcelo Bretas com a Lava Jato, agora sendo forte no Rio de Janeiro, e deflagra essas operações. Do meu ponto de vista, Às vésperas das eleições, me parece meio delicado... Por que não fez antes?", pontua. (ouça a partir do minuto 22:00)

"Teria outros meios de fazer isso sem ser da maneira abrupta como foi feita", prossegue.

Ao todo, a Polícia Civil e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) cumpriram 22 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e funcionais de agentes públicos municipais e empresários.

Trevisan ressaltou que Bretas tenta trazer o protagonismo da Lava Jato para o estado do Rio. "É interessante como a Lava jato atacou todos os lados desta vez: os advogados do Lula, o Crivella, o Eduardo Paes, querendo que o protagonismo da Lava Jato seja ligado ao Rio de Janeiro".

Schelp, por outro lado, disse que, como todos os lados se mancharam como alvos da operação, o saldo de credibilidade política para a eleição acaba sendo nulo.

"Como essas denúncias podem impactar no processo eleitoral do Rio? Uma denúncia do ponto de vista eleitoral anula a outra. Tem dois candidatos citados em suspeitas de corrupção: um prefeito mal avaliado [Crivella] e o outro favorito nas pesquisas [Eduardo Paes]. É ruim para os dois, mas não impacta tanto. Um anula o outro", explica.

"Pode vir um terceiro com um discurso de limpeza ética, mas o cenário não deve mudar muito", avalia.

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